domingo, 30 de novembro de 2008

Quando estou só reconheço

"Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida."
Fernando Pessoa

Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 29 de novembro de 2008

Desabafo

Há dias em que nos sentimos outsiders. Sentimo-nos indesejados, frustrados, incompletos, incompreendidos. Mal amados. Desamados.

Sentimos na pele que nascemos e morremos sozinhos.

Vivemos como se de actos fosse a vida, mas de facto ela é feita das consequências.

Há alturas em que a vida parece um jogo de xadrez corrompido, um átomo que não retorna ao estado fundamental.

Há alturas em que vida não é vida, mas um fardo; em que a saudade daquilo que ainda não se viveu toca fundo, e a saudade de outrora pesa, e a saudade de quem se gosta é um fado que se canta a chorar.



A vida é um momento, um rebuçado amargo que se traga até ao fim, um cigarro que se fuma e que se apaga.
É um abandono de si, um desafogar de emoções. É uma luz que se acende no vácuo.
É eterna enquanto dura. A eternidade é vida enquanto passa. A vida é uma guerra eterna contra o fim inevitável.
É nada ser e nada ter esperando tudo.
É despedir-mo-nos de nós. É dizer adeus. É rezar. É um calvário. É uma cruz que se transporta, e que se ama odiando.
A vida é aprender nada estando certo.
É pequena para tudo. Um tudo que é nada.
É uma travessia num deserto até à morte.

Há dias em que somos realmente outsiders...

Bárbara de Sotto e Freire

Viagem na palma da mão

"Agarras-te à hora
em que o tempo não passou
mergulhas nas cores
que a loucura te emprestou
e quando te vês p'ra lá do espelho
encontras a solidão
Descobres o mundo
de quem tem tudo a perder
e sobes ás estrelas
que ontem não podias ver
perdes o medo de estar só
no meio do multidão
Tradições atrás de contradições
fizeram-te abrir os olhos
podes dizer, eu sou"
Jorge Palma
Bárbara de Sotto e Freire

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Le Petit Prince


Porque há livros que nos marcam e mensagens que ficarão para todo o sempre...



["Só se vê bem com o coração. O essencial é invisivel aos olhos."]
O Principezinho - Antoine de Saint-Exupéry

Bárbara de Sotto e Freire

What are you afraid of ?!


"Our deepest fear is not that we are inadequate.
Our deepest fear is that we are powerful beyond measure.
It is our light, not our darkness, that most frightens us. Your playing small does not serve the world. There is nothing enlightened about shrinking so the other people won’t feel insecure around you. We were all meant to shine as children do.
It's not just in some of us; it is in everyone. And as we let our own light shine, we unconsciously give other people permission to do the same as we are liberated from our own fear. Our presence automatically liberates others."

Coach Carter Movie
Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Um pouco de céu

"
Só hoje senti
Que o rumo a seguir
Levava pra longe
Senti que este chão
Já não tinha espaço
Pra tudo o que foge
Não sei o motivo pra ir
Só sei que não posso ficar
Não sei o que vem a seguir
Mas quero procurar

E hoje deixei
De tentar erguer
Os planos de sempre
Aqueles que são
Pra outro amanhã
Que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu

Só hoje esperei
Já sem desespero
Que a noite caísse
Nenhuma palavra
Foi hoje diferente
Do que já se disse
E há qualquer coisa a nascer
Bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer
Qualquer outro fim

Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu"

Mafalda Veiga - Tatuagem

Bárbara de Sotto e Freire

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ser

Vagueio
por entre o Vazio que me preenche
pela solidão de que me sou
e sinto

Vagueio
por entre o olhar indolente
dos confrontos injustos
da solidão de mim comigo

do SER de que sou Vazio
do Vazio que me enche

_ _ _ _ Envolvendo
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Esquecendo
Levando consigo
Só o (meu) Vazio

Vagueio
solitariamente por este beco
por este mundo sem céu
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ sem tecto
preenchido do Nada
que é a solidão
E o não
da mão que não se dá
do abraço que não se sente
do amor que não se entende
do olhar
que Nada compreende
o SER errante que sou

que ninguém tende a ser
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ o SER Vazio

Vagueio
Sentida a brisa leve soltada pelo vento
que sem rumo ou destino amacia
que me guia o alento
que como fado acaricia a alma
de quem segue solitária
pelo Vazio

Vagueio
E atiro-me desta falésia dourada
Por este precipício
Drogada
E pertenço ao Infinito

ao Infinito do Nada

Mas espreita a aurora
e os raios quentes do sol despertam-me
da droga maravilhosa
que é estar
Livre do Nada
_ _ _ _ _ _ _ _Cheia de Infinito
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _Saciada de ilusão
que não acaba

Do sonho
Do prazer de SER Vazio
De estar no Infinito

Abandono-me
(e) então vagueio
perseguida pelo Vazio
usada pela solidão

e no silêncio do Nada
vou ousando
_ _ _ _ _ _ _ ser Drogada
e atiro-me
para sempre

da falésia
para o Infinito
_ _ _ _ _ _ _ _ do (SER) Nada



Bárbara de Sotto e Freire