terça-feira, 31 de março de 2009

Segue o teu destino


"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te.
A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."
Ricardo Reis
1-7-1916
Bárbara de Sotto e Freire

Sweet about me

"Ooh, watching me
Hanging by
A string this time
Don't, easily
The climax
Of the perfect lie
Ooh, watching me
Hanging by
A string this time
Don't, easily
Smile worth
A hundred lies
If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
Tell you something
That I've found
That the world's
A better place
When it's
Upside down, boy
If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
When your playing
With desire
Don't come running
To my place
When it burns
Like fire, boy
Sweet about me
Nothing sweet
About me, yeah
Blue, blue, blue
Waves, they crash
As time goes by
So hard to catch
Too, too smooth
Ain't all that
Why don't you ride
On my side
Of the tracks
If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
Tell you something
That I've found
That the world's
A better place
When it's
Upside down, boy
If there's lessons
To be learned
I'd rather get
My jamming words
In first, so
When your playing
With desire
Don't come running
To my place
When it burns
Like fire, boy
Sweet about me
Nothing sweet
About me, yeah"

Sweet About Me
Gabriella Cilmi
Bárbara de Sotto e Freire

As regras da sensatez - Não, não é verdade!!! - II

É bom saber que as pessoas não mudam, especialmente as pessoas que achamos especiais.

É bom saber que continuas a usar o mesmo perfume, Uchance da Channel, com espirito imbativel e genuína. É bom saber que continuas com esse ar de sono, e quando te pergunto o que andas-te a fazer, tu dizes o que sempre disses-te:"estou cansado". É bom saber que continuas com a tua boa disposição, e com a pergunta de sempre: "já foste à faculdade?!". Qual pit bull, qual quê?!!! É bom saber que continuas com esse teu bom humor contagiante, e essas piadas que só podiam ser tuas, e esse teu poder de negociação, e o facto de seres tu... É bom saber que quando me vês fazes um ar de espanto, e dizes... "Zázá!!!" É bom saber que continuas distraída mas atenta, qual princesa afecta à qualidade. É bom saber que a tua vida é preenchida e que corres do escritório para o call center sempre com um grande sorriso. É bom saber que continuas igual a ti mesma. E tu, claro, estás igual a sempre, de um lado para o outro, aquela energia que só os gémeos podem ter, e aquele sorriso que só podia ser teu. É bom saber que continuas igual, com um extremo sentido profissional, e minha amiga, independentemente dos meses que já lá vão. E acredito que aqueles que não vi também estão iguais...

E venho para casa cheia, repleta daquilo que um dia também foi meu, e trago um bocadinho de cada um de vocês.

É bom saber que também eu continuo a mesma, mas só porque não estou com vocês, fiz um delete a parte do meu disco duro (também estás igual...) e formatei-o com pedacinhos dos vossos dados. É bom saber que a partir do momento em que fui capaz de mudar, fui capaz de trazer a mim aquilo que vocês são, que vocês me ensinaram, que têm de melhor, e de mais caricato.

É bom saber tudo isto e muito mais. Um muito mais que não se exprime, mas se sente, apenas.

...

Bárbara de Sotto e Freire

segunda-feira, 30 de março de 2009

Maré

"Mais uma vez
vem o mar
se dar
como imagem
Passagem
do árido à miragem
Sendo salgado
gelado
ou azul
Será só linguagem
Mais uma vez
vejo o mar
voltar
como imagem
Passagem
de átomo a paisagem
Estando emaranhado
verde azul
Será ondulado
Irado emaranhado
verde azul
Será ondulado"
Maré
Adriana Calcanhoto
Composição: Adriana e Moreno Veloso
Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 29 de março de 2009

O menino de sua mãe

«No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
-Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe»

Fernando Pessoa
Bárbara de Sotto e Freire

Tears in heaven

"Would you know my name
If I saw you in Heaven?
Will you be the same
If I saw you in Heaven?
I must be strong
And carry on
Because I know
I don’t belong
Here in Heaven
Would you hold my hand
If I saw you in Heaven?
Would you help me stand
If I saw you in Heaven?
I’ll find my way
Through night and day
Because I know I just can’t stay
Here in Heaven
Time can bring you down
Time can bend your knees
Time can break your heart
Have you begging please
Begging please
Beyond the door
There’s peace
I’m sure
And I know there’ll be no more
Tears in Heaven
Would you know my name
If I saw you in Heaven?
Will you be the same
If I saw you in Heaven?"
Tears in heaven
Composição: Eric Clapton / Will Jennings
Bárbara de Sotto e Freire

quinta-feira, 26 de março de 2009

A veia do poeta

Esta foi a minha música preferida durante muitos anos. O CD continua na estante, não sei como mas não está riscado (!!!), e a letra ainda continua a borboletar na minha cabeça de quando em vez. Lembro-me de estar a estudar anatomia ao som desta música (porque será?!). Lembro-me de ir para a praia, phones nos ouvidos para não ouvir a criançada toda a tarde, e lá estava a música... Ainda agora, quando não quero ouvir a realidade, os corpos frenéticos de um lado para o outro, quando simplesmente me tento desligar do mundo, aí está esta música fantástica, onde me revejo.


"Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta

Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo duma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta"

A veia do poeta
Rui Veloso



Bárbara de Sotto e Freire

Primavera - Here comes the sun

Ainda não percebi muito bem que tempo é este: Primavera ou Verão. Sim, eu sei que segundo o calendário a Primavera começou no passado dia 21. Mas ainda há cerca de mês e meio estava eu a tiritar de frio, mãos gretadas, a vender cremes para as frieiras, clientes a reclamarem porque não vendemos sacos de água quente (vulgo, botijas), e agora é um calor que não se pode, o ar condicionado está sempre ligado, o pessoal anda de havaina no pé, e a comprar protectores solares...
Agora não há Primavera nem Outono. Há um Inverno rigoroso, e um Verão demasiado quente. Não há equilibrio, meio termo. Para nada. A começar pelo tempo...

"Here comes the sun, here comes the sun,
And I say it's all right
Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
And I say it's all right
Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, it seems like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
And I say it's all right
Sun, sun, sun, here it comes...
(...)
Little darling, I feel that ice is slowly melting
Little darling, it seems like years since it's been clear
Here comes the sun, here comes the sun,
And I say it's all right
Here comes the sun, here comes the sun,
It's all right
It's all right"
Here comes the sun
The Beatles; Composição de George Harrison

Bárbara de Sotto e Freire

quarta-feira, 25 de março de 2009

As regras da sensatez - Será que é verdade? - I

"Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz

Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão

Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado

São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez

Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade

Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós

São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez"
As regras da sensatez
Carlos Tê, Rui Veloso
Bárbara de Sotto e Freire

Over the rainbow

Não sei o que me deu, mas passei a manhã toda a ouvir esta música e as novas versões que circulam no You Tube... Deve ser da Primavera. Ou não!

"Somewhere over the rainbow
Way up high
And the dreams that you dreamed of
Once in a lullaby
Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
And the dreams that you dream of
Dreams really do come true
Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me.
Where troubles melt like lemon drops
High above the chimney tops
That's where you'll find me
Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
And the dreams that you dared to
Oh why, oh why can't I?
(When all the world is a whole glass jumbled
And the raindrops tumble all around
There's an old place of magic ways)
A place behind the sun
Just a step behind the rainbow
Somewhere over the rainbow
Bluebirds fly
Birds fly over the rainbow
Why then oh, why can't I?
If happy little bluebirds fly beyond the rainbow
Why oh, why can't I?"
Over the rainbow
Louis Amstrong
Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 15 de março de 2009

Esta é tua!!!

"There are two ways to live: you can live as if nothing is a miracle; you can live as if everything is a miracle."

Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 8 de março de 2009

É a vida (o que se há-de fazer?)

«Há-de ser mais claro
tudo um dia, vais ver
tudo nos lugares
que tu separares
entre
o tanto que há pra viver
Por agora é tudo
confusão, tempestade
grita no mar alto
dança no asfalto
cruza
os dias da tua idade
É a vida
o que é que se há-de fazer?
é a vida
o que é que se há-de fazer
Viver!
A noite agora acaba
a lua segue p'ro sol
faz uma directa
corre que nem seta
rumoao branco do teu lençol
Olha-te ao espelho
triste-alegre estarás
na boca um sorriso
nos olhos granizo
do amor
hoje deixado p'ra trás
É a vida
o que é que se há-de fazer?
Viver!
Mais tarde verás
o que hás-de ser nesta vida
doutor de aventuras
médico de curas
actor
duma comédia sentida
Sejas o que sejas
hás-de ser invencível
escolhe bem amores
enche-te de cores
pinta
tudo o que em ti é possível
É a vida
o que é que se há-de fazer?
Viver
Sérgio Godinho, in "Domingo no mundo"
Bárbara de Sotto e Freire

O primeiro dia do resto da tua vida

«A princípio é simples anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se no silêncio e no borborinho
Embebe-se as certezas num copo de vinho
vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do esto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que leva a peito
bebe-se come-se e alguém nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vem cansaços e o corpo fraqueja
molha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida»
Sérgio Godinho

Bárbara de Sotto e Freire

A tua (ou minha) pequena dor



«A tua pequena dor
Quase nem sequer te dói
É só um ligeiro ardor
Que não mata mas que mói
É uma dor pequenina
Quase como se não fosse
E como uma tangerina
Tem um sumo agridoce
De onde vem essa dor
Se a causa não se vê
Se não é por desamor
Então é uma dor de quê?
Não exponhas essa dor
É preciosa é só tua
Não a mostres tem pudor
É o lado oculto da lua
Não é vicio nem costume
Deve ser inquietação
Não a nada que a arrume
Dentro do teu coração
Talvez seja a dor de ser
Só o sente que a tem
Ou será a dor de ver
É dor demais
Certo é ser a dor de quem
Não se dá por satisfeito
Não a mates guarda bem
Guardada no fundo do peito


Cabeças no ar


Bárbara de Sotto e Freire

A queda de um anjo


«Testemunhos da verdade
Tanto vão de mão em mão
Que se perdem com a idade
Porque ninguém nasce ensinado
O que aprendi já está errado
Não acredito no meu passado
É a queda de um anjo
Em cima de um homem
Que ao ganhar idade
Perde a razão
Ontem liam evangelhos
Hoje é lei a constituição
Mas que ninguém me dê conselhos
Nunca gostei que a maioria
Organizasse o meu dia a dia
Não acredito em democracia
É a queda de um anjo
Em cima de um homem
Que ao ganhar idade
Perde a razão.

A todos os anjos

de todos os sexos

Agarrem as asas

ao cair do chão
Delfins

Bárbara de Sotto e Freire

segunda-feira, 2 de março de 2009

Tudo o que sou não é mais que abismo



«Tudo o que sou não é mais do que abismo
Em que uma vaga luz
Com que sei que sou eu, e nisto cismo,
Obscura me conduz.

Um intervalo entre não-ser e ser
Feito de eu ter lugar
Como o pó, que se vê o vento erguer,
Vive de ele o mostrar.»

Fernando Pessoa


Bárbara de Sotto e Freire

A ausência

«Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida.»
Bob Marley
Bárbara de Sotto e Freire