sexta-feira, 30 de julho de 2010

António Feio

«Aproveitem a vida, e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento, agradeçam, e não deixem nada por dizer, nada por fazer.»
António Feio
6/Dezembro/1954-29/Julho/2010
Bárbara de Sotto e Freire

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Para ti!

Este post é para ti. Sim, para ti. Não hesites quando o leres. Sabes exactamente quem és!
Poderia dizer que ás vezes a saudade me faz "bater mal", e quando falo de vocês me vem uma lagrimazita ao olho. É inevitável.
Sabes que poderia apontar muitos motivos para dizer porque é que aquela casa me marcou tanto.
Poderia dizer que foi pelo facto de ter sido o meu primeiro emprego. Talvez.
Mas diria antes que foi pelas pessoas com quem trabalhei no meu primeiro emprego. Pelas pessoas que me ensinaram a vender, pelas pessoas que me disseram que a produtividade não era eu mas um grupo, uma equipa. Pelas pessoas que poderiam parecer frias quando tinham de dispensar um elemento, mas que vinham cá fora fumar antes e depois de o fazer, para afastar os nervos, a tristeza, o stress, e a posição (ingrata) que eram obrigadas a tomar. Foi pelas pessoas com quem eu trabalhei que eu entrava mais cedo e saía mais tarde, independentemente do cansaço, independentemente do sucesso ou do insucesso daquele dia. Foi pelas pessoas daquela casa, que eu aprendi a dizer "sou campeã", "Oh meu Deus que sois tão bom", ou a adaptar a célebre música das doce.
Mas também foi por mim, por me sentir feliz, acolhida, bem sucedida, que eu fiz tudo. Sei que estou a ser egoísta, mas também foi por mim. Porque enquanto eu estava ali, a falar com clientes, com os meus tecos, a fazer n campanhas, era eu própria, percebes?
Lembras-te dos livros que me emprestavas e que eu lia avidamente? Das nossas conversas sobre Vargas Llosa, sobre Fernando Pessoa, sobre as vinhas do Douro, sobre tudo o que há para falar, para ouvir e escutar? Lembras-te dos nossos cafés, e dos nossos cigarrinhos ao fim da tarde, antes do turno das 18h?
Eu lembro-me de tudo. Tudo ficou impresso na minha alma, de modo que ainda hoje, diariamente eu vos lembro, e quase vos venero. E quando me aparecem aqueles clientes menos simpáticos eu lembro-me de ouvir "atitude gera atitude", e quando tenho trabalho e mais trabalho e mais trabalho lembro-me de ouvir "há tarefas urgentes e importantes", e quando tenho casos bicudos e quero vender, lembro-me do SCRIPT, e do "não pressiones, impressiona", e lembro-me de ti a "calçares os sapatos do cliente", falando de vinhos e de pratos típicos, e de tudo e mais alguma coisa! E quando tudo parecia perdido lá vinha a reza e a reza trazia sapiência. E ao fim do dia perguntavam-me "quantos conseguimos?" e eu era uma princesa feliz.
Tudo me foi generosamente oferecido, e foi preciosamente guardado
Tenho em vocês um tesouro, em ti uma amiga.
E em dias árduos, em que as personalidades chocam, e as rivalidades se cruzam, tenho em vocês a força e a coragem para respirar fundo e lembrar-me do quanto me faria bem uma vodka preta com limão.
Por falar nisso estou a dever-te uma; quando marcamos?
Um abraço em nome da lucidez que me transmitem, e da saudade que me mantém viva, por saber que a vodka está para breve.
Bárbara de Sotto e Freire
P.S.: As citações deste post são todas elas de vendedores de excelência do call center Ferreira Dias. Cabe-me a honra de dizer que trabalhei com todos eles.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Guerreiros da Luz

Isto está deitado ao abandono.

Alegadamente por trabalho, deixei-me ir na onda de me consciencializar que não tinha muito tempo para bloguices e ia adiando para as folgas. Na folga adiava para a próxima folga, até que adiei para as férias. É facto que fui de férias, o portátil foi comigo, até andei pela Net, mas nada de posts. Achei que não era o tempo certo, o momento exacto. "Ah e tal, quando chegar!", pensava eu. Mas quando cheguei, voltei a adiar. Até hoje. Adiei durante alguns meses uma vontade irascível de teclar sem um propósito puramente racional, até que me dei conta que hoje preciso de acertar as contas emocionais comigo mesma.

Por vezes adiamos conversas difíceis. Conversas nas quais deixamos de estar na nossa zona de conforto e nos atravessamos num vazio do qual não sabemos o que esperar. Talvez apenas que vamos crescer mais um bocadinho, mesmo que isso seja doloroso, mesmo que não seja simpático, mesmo que seja estranho e alheio ao que até agora experimentamos.

Infelizmente não tenho um Dr encalhado ao meu nome, que me permitiria virar as costas e dizer basta, nem tenho uma herança de família que permita viver ás custas dos rendimentos. E lamento que nem todos tenham honestidade suficiente para serem felizes apenas por si próprios, sem ferir a susceptibilidade dos outros, nem pisar a liberdade dos que o rodeiam.

Gostaria de ser perfeita e insubstítuivel. Não o sou, nem nunca o serei. Erro, perco-me, e desvio-me do "verdadeiro" caminho daqueles a quem chamo Guerreiros da Luz. Mas tento lutar todos os dias por ser melhor. Melhor pessoa, e melhor profissional. Tento aprender todos os dias. E confesso ficar frustada, zangada, irada, comigo própria, quando cometo os mesmos erros do passado, quando não sou suficientemente perfeita, e quando não atinjo as metas a que me proponho. E fico igualmente zangada, quiça decepcionada, quando vejo que quem está ao meu lado não pára de me aponta defeitos sucessivamente, de um modo ora sorrateiro, ora (a)berrante, fazendo-me entristecer, deixar de sonhar, e pensar em desistir.

E hoje, pela primeira vez, eu disse-te. Disse-te frontalmente, com um tom de voz que nunca esperei manter, suave e seguro, que não permitia que o fizesses.

Disse-te hoje, pela primeira vez, como o deveria ter dito há muitos anos a algumas das personagens com que me confrontei ao longo da vida. Fi-lo hoje pela primeira vez. Sem ódio, nem raiva. Apenas com a sensação de que comecei a crescer tarde. Apenas com um turpor na alma que me deixa infeliz. Fi-lo e embora não saiba se tenho coragem para o repetir, prometo incessantemente a mim mesma que o voltarei a fazer se for necessário. Agora de um modo mais sábio, mais subtil, mais adulto, mais consciente, e sem medo.

Neste momento tenho a sensação de estar atafegada, apesar de não querer ninguém ao meu lado. Tudo esmorece, tudo é desilusão.

A partir de hoje deixarás de me ter ao teu lado para te proteger nas tuas lamúrias, e nos teus filmes inventados, que eu ouvia e dos quais ficava desgastada. Chega, basta.

Uma parte de mim ficou para trás. Ou não.

Mas acredita, que me ensinaste muita coisa.

Não sei até quando podemos adiar a nossa felicidade. Mas espero, que a partir de hoje, esse tempo se esbata.

Eternamente.
E assim começa o acabar do abandono do blog.
Bárbara de Sotto e Freire