quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Junto ao mar



Bárbara de Sotto e Freire

Criança interior

«Às vezes somos possuídos por uma sensação de tristeza que não conseguimos controlar. Percebemos que o instante mágico daquele dia passou e nada fizemos. Então, a vida esconde a sua magia e a sua arte.


Temos que dar ouvidos à criança que fomos um dia e que ainda existe dentro de nós. Essa criança percebe de instantes mágicos. Podemos sufocar o seu pranto, mas não podemos calar a sua voz.


Essa criança que fomos um dia, continua presente. (...)


Se não nascermos de novo, se não tornamos a olhar a vida com a inocência e o entusiasmo da infância, viver não terá mais sentido.


Existem muitas maneiras de se cometer suicídio. Os que tentam matar o corpo ofendem a lei de Deus. Os que tentam matar a alma, também ofendem a lei de Deus, embora o seu crime seja menos vísivel aos olhos do homem.


Prestemos atenção ao que nos diz a criança guardada no peito. Não nos envergonhemos por causa dela. Não vamos deixar que ela tenha medo, porque está só e quase nunca é ouvida.


Vamos permitir que ela tome um pouco as rédeas da nossa existência. Essa criança sabe que um dia é diferente do outro.


Vamos fazer com que ela se sinta amada novamente. Vamos agradar-lhe - mesmo que isso signifique agir de uma maneira a que não estamos acostumados, mesmo que isso pareça uma tolice aos olhos dos outros.


Lembrem-se que a sabedoria dos homens é loucura diante de Deus. Se ouvirmos a criança que temos na alma, os nossos olhos tornarão a brilhar. Se não perdermos o contacto com essa criança, não perderemos o contacto com a vida




Paulo Coelho


in Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei


Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Renascer II - Responde-me...

Até sempre. [Até sempre" é a maneira mais simpática de te dizer que acredito no amanhã.]


Por mais que queira renascer das cinzas, por mais que diga que vou deixar de esperar, já lá vão 26 dias e algumas horas desde que te escrevi e até agora nada...




Diz-me alguma coisa.


Diz-me que me amas, que esqueces as nossas divergências, que conseguimos superar tudo.


Diz-me que me odeias, que me esqueces-te definitivamente, que apenas pertenço a um passado que desejas apagar da tua memóra.


Diz-me o que te vai na alma. Mas, por favor, responde-me.




Realmente, "só devemos amar quem podemos ter por perto".




Até sempre. [Até sempre" é a maneira mais simpática de te dizer que acredito no amanhã.]
Sempre tua,


Bárbara de Sotto e Freire




O amor é...





«Já amei antes. Amar é como uma droga. No princÍpio vem a sensação de euforia, de total entrega. Depois, no dia seguinte, tu queres mais. Ainda não te viciaste, mas gostaste da sensação, e achas que podes mantê-la sob controlo. Pensas durante dois minutos nela, e esqueces por três horas.



Mas aos poucos, acostumas-te com aquela pessoa, e passas a depender completamente dela. Então, pensas por três horas, e esqueces por dois minutos. Se ela não está perto, experimentas as mesmas sensações que os viciados têm quando não conseguem arranjar droga. Nesse momento, assim como os viciados roubam e se humilham para conseguir o que precisam, tu estás disposto a fazer qualquer coisa pelo amor.


Por isso só devemos amar quem podemos ter por perto.»



Paulo Coelho


in Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei



Bárbara de Sotto e Freire



sábado, 13 de agosto de 2011

Renascer...


Sabes que a tua ausência dói, magoa. Sabes que as saudades são tão pertinentes como a tua ausência. Sabes que as coisas não acabam só porque decidimos que devem acabar.


Nem sempre o nosso coração é tão sensato quanto a nossa razão. Nem sempre nos conseguimos esquecer aqueles que amamos.

Caramba, porque é que o amor é assim, dificil?!

Sei que fui eu quem nos distanciou. Razões? Mesquinhez, sentir-me só, sentir que já não fazia mais parte da tua vida. E quando uma mulher se sente assim, não foge, apenas faz disparar a sua fúria em todas as direcções, fica encolerizada, como se isso fosse uma forma de te dizer "quero-te", "preciso de ti"; ao mesmo tempo que te diz "vai-te embora", "esquece que eu existo", está a dizer-te para tu ficares, para a abraçares, para amares.


Hormonas e mulheres são dificeis de compreender :)

Contudo, com o passar do tempo, dos dias que se tornaram meses, longos meses, o facto de te teres esquecido de mim, embora possa ser apenas um esquecimento aparente e não sentido, quero eu acreditar, começa a magoar-me mais que as nossas constantes discussões, dos nossos abraços furtivos, das chamadas diárias que me fazias só para saber se estava tudo bem.

Não te consigo esquecer, nem te quero negar.

No fundo, não acredito que te esqueces-te de mim. Quero acreditar que continuo viva no teu coração e na tua memória. Quero acreditar que a minha imagem está cravada em ti, como o teu sorriso e os teus comentários sarcásticos estão gravados, até hoje, e para sempre, na minha memória e no meu coração.

Até posso ser parte responsável. Tudo bem. Queres que dê o braço a torcer? Eu dou. Mesmo assim, depois de te ter escrito não posso acreditar, não quero acreditar, que o teu coração está congelado. Até acredito que esteja magoado, mas não que o tenhas perdido.

E depois de te escrever comecei a contar os dias, as horas, que demoravas a devolver uma resposta, nem que esta fosse "esquece-me". Mas nada. Nenhuma resposta, nenhuma mensagem, não dás sinais de vida, embora as circunstâncias me levem a saber que estás vivo. Não sei se bem, mas sei que ainda existes![Não, as mulheres não são cuscas, mas às vezes as pessoas contam-nos as coisas que nós não lhes perguntamos].

Costuma-se dizer que o desprezo é o melhor remédio. Pergunto-me se o mereço?Talvez.

Enquanto resolves a tua vida, enquanto te resolves, vou deixar de esperar, de consultar o email de hora a hora. Vou deixar que o tempo passe.

Também se diz que o tempo cura as feridas.

Vou deixar que o tempo cure as nossas feridas, vou deixar que lave as nossas almas, que purgue os nossos corações.

Enquanto isso vou tentar ser feliz. Vou viver a minha vida, vou deixar de lamber as feridas, e ficar acossada no canto, só porque não estás aqui.

Desculpa se te amo. Desculpa...

Mas chega de me lamentar da minha dor. Ainda estou viva, também estou viva. Estou aqui. Ainda te amo. Sempre.

Por ti, por nós, por tudo o que a vida me ensinou, renasço das cinzas, e regresso de novo à vida. Agora, a minha vida. Amanhã nossa. Quem sabe?


Até sempre. [Até sempre" é a maneira mais simpática de te dizer que acredito no amanhã.]


Bárbara de Sotto e Freire