terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O amor acontece - Catarina


Os meses que se seguiram foram de pura paixão e romantismo.
 
Namoravam oficialmente, o que, para Catarina tinha um valor incalculável. Não andavam juntos simplesmente, eles namoravam. Afonso chegou mesmo a apresentar-se aos pais de Catarina no sentido de lhes pedir para namorar com ela. Isto encheu-a de orgulho e confiança, pois essa fora uma das muitas formas que ele encontrara para lhe dizer que a amava e que a queria.
Desde então, Catarina passou a estar com Afonso com mais frequência, começou a dormir em casa dele, começaram a ter passeios, conversas e noites cada vez mais longas... conheciam-se cada vez mais e ambos sentiam que teriam sido feitos um  o outro.
 
Em Dezembro, antes do Natal, refugiaram-se uns dias em Porto Antigo.  
Foi aí que sentiram a real necessidade de estarem juntos, de passarem todo o tempo possível  o mais próximo que lhes era viável, de partilharem mais e mais as suas vidas...
 
 
Eu continuava na dúvida. Continuava de "pé atrás". No fundo acho que a vida me ensinou a confiar desconfiando, e de repente passara a não ter certezas de quase nada.
Tinha a certeza que gostava daquele homem, que o amava como nunca amara ninguém, que o amava como nunca pensava que seria capaz de amar alguém. Mas daí a juntar as roupas, a partilharmos a cama diariamente, e a ter a minha escova de dentes no mesmo copo que a dele, ia um passo de gigante.
Ele falara-me em "juntar-mo-nos" mas para mim essa ideia nem sequer entrava na minha cabeça. Quer dizer, não era uma ideia tão descabida que já não me tivesse passado pela cabeça partilhar as horas dos meus dias e os dias dos meus anos com aquele homem que parecia ser a minha pessoa. Que era a minha pessoa - esta era a minha única certeza, ele era a minha pessoa.
Mas... a vida tinha-me ensinado a "confiar desconfiando".
 
Amar com a razão era difícil. Amar era com o coração.
 
Partilhamos o Natal e o Ano Novo, festas que eu nao valorizava muito porque tinha a família dispersa. Acabei o ano de 2012 com ele, e esta foi a melhor forma de entrar em 2013.
Entretanto Afonso começou a falar-me com mais frequência em vivermos juntos, algo que eu adiei até ao final de Janeiro.
Janeiro foi um mês muito intenso para mim: no trabalho havia muito trabalho e muita pressão. Eu mesma impus alguma pressão sobre mim, algo que mais tarde se viria a reflectir na minha saúde. Contudo não queria, de forma alguma, que o meu relacionamento interferisse na minha produtividade laboral, e por isso acho que até passei a trabalhar mais.Também nao foi fácil lidar com as colegas mais chegadas que queriam saber alguns detalhes do meu relacionamento. Acabamos por nos afastar todas um pouco por causa desse assunto, o que criou em mim alguma angústia e solidão.Chegava a casa tarde ànoite e levantava-me cedo, ou então, dormia em casa de Afonso e vinha cedo para casa... Por vezes sentia que não sabia onde pertencia. Sentia-me como que uma bola de Ping pong entre a casa dele e a minha. Mas o amor falava mais alto e eu estava cada vez mais apaixonada por aquele homem. Como se fosse possível amá-lo mais... Pensava sempre que o amava em pleno, mas no dia seguinte amava-o mais um pouco... admirava-o mais, queria-o mais.
Estava a deixar-me levar e guiar pelo meu coração pela primeira vez na minha vida e isso assustava-me um pouco, porque já nao reconhecia a Catarina firme e gélida de outrora. Mas sentia-me mais feliz, mais preenchida, mais completa. Afonso fazia parte da minha vida.Afonso era a minha vida. Parecia que já nos conhecíamos há anos, e tínhamos a mesma forma de estar e de pensar. Completávamos as frases um do outro, tínhamos os mesmos pensamentos em simultâneo, e isto não podia ser mera coincidência.
Decididamente eu amava o Afonso e estava disposta a arriscar por ele. O meu coração dizia-me para eu o fazer...
 
E assim ela o fizera: "vai aonde te leva o coração".
 
Bárbara de Sotto e Freire