Estamos numa fase em que se fala muito sobre inclusão social, mas pouco se vê.
Fiquei muito contente, quando me dirigi ao shopping e numa loja o senhor que estava a registar na caixa, não só era negro, o que desbrava logo o caminho das outras cores que não os caucasianos, tinha já alguma idade, o dá alguns retoques a "a partir dos quarenta esquece seres vendedor e vires para o balcão; os quarenta são o desemprego de muitas mulheres por atingirem a idade daquilo que a maquilhagem não tapa", e tinha um défice neurológico, não sei se cognitivo ou não. Trabalhava muito lentamente, mas fez tudo o que os colegas faziam, picou o preço, dobrou o produto, com alguma dificuldade mas fê-lo, perguntou se precisávamos de NIF e de saco. Concluiu a venda de forma cordial e educada, e assim passou ao cliente seguinte
Fiquei encantada por estarem a fazer a inclusão social de pessoas como este senhor, que ,embora com limitações, pode trabalhar e com mestria, com calma, com ponderação. Para ele uma venda é um ato heroico porque não sabe se os dedos vão paralisar ou não. O seu sorriso dava-lhe um ar de felicidade. De tantas desgraças que passou na vida, tinha, ao menos agora, um pouco de paz. Ganhava o seu ordenado por mérito e por justiça social.
Devia ser obrigatório incluir pessoas com diferenças da população geral. Porque elas também são pessoas, também sentem, e muitas vezes apenas por serem um pouco mais lentas são postas de lado, como se lhes faltasse competência, formação ou uma imagem agradável. Facto é que temos que passar pelo escrutínio das chefias até que elas nos digam "não se esqueça de vir maquilhada".
Devíamos estar a viver a cultura da inclusão. Não apenas com um funcionário que nos atendeu numa loja, mas em vagas que existem em tantas lojas e lugares por aí a precisar de serem preenchidas.
Pensem nisso senhores políticos.
Bárbara de Sotto e Freire