Apesar das medalhas, dos pontos e das conquistas, há sempre um lado polémico dos Jogos Olímpicos, divulgado pelos jornais, e muito comentado na comunidade: as famosas declarações polémicas dos nossos atletas, entendidas por alguns como as desculpas para justificar os maus resultados.
Tentando ser isenta, passo a fazer algumas citações daquilo que li em alguns jornais.
A "caminha" de Marco Fortes terá sido uma das mais geniais respostas à má prestação portuguesa no "Ninho de Pássaro" de Pequim. Numa prova disputada de manhã bem cedo, o lançador de peso ficou longe do seu recorde. "De manhã, só é bom é na caminha". A frase de Fortes, que entretanto, segundo o próprio, foi "elegantemente" convidado a regressar mais cedo a Portugal, foi talvez aquela que se destacou do rol de desculpas que alguns dos atletas eliminados precocemente utilizaram para desculpar os resultados menos positivos.
Arnaldo Abrantes – atletismo, 200 m: “Entrar neste estádio cheio bloqueou-me um pouco (…) Foi bom ter apanhado aqui este banhozinho… esta tareiazinha e agora ir para casa descansar.”
Quem também ficou bloqueada, ao que parece, foi a égua de Miguel Ralão Duarte. “Quando entrei no recinto percebi logo que a égua estava com medo (…) A Oxallys tem uma grande capacidade atlética, mas com medo fica muito violenta (…) Ela entrou em histeria com medo do ecrã.”
Após a precoce eliminação nos 3000m obstáculos, Jessica Augusto chegou a equacionar desistir dos 5000m: “Agora vou de férias. Treinei para os 3000m obstáculos. Não vou aos 5000m. As africanas são fortes. Não vale a pena.” Posteriormente, recuou e acabou por participar na prova.
Curiosas foram também as declarações de Vânia Silva que, após ter conseguido um feito que milhares de atletas perseguem ao longo de penosos quatro anos, desculpou o seu 46.º lugar no lançamento do martelo com o facto de não estar habituada aos grandes palcos. "A única explicação é que, infelizmente, não sou muito dada a este tipo de competições", lamentou-se a atleta.
No judo, Telma Monteiro, a maior esperança numa medalha, depois de ter perdido na luta no tapete, revelou: "Não tivemos uma competição justa. Lutei um pouco contra os árbitros. Saí com vontade de rir. Pensei que estava a lutar contra quatro pessoas".
O colega João Pina foi mais longe. Queria uma medalha e terminou no 11.º lugar. Atirou-se aos árbitros e aos adversários asiáticos, sobre quem levantou suspeitas de não aparecerem nas outras grandes competições para "não serem controlados no doping" – “Muitas vezes esses países [asiáticos] não se mostram muito, não aparecem para não serem controlados no doping (…) Ás vezes há umas arbritagens mais tendenciosas e no judo dá para puxar mais para um lado sem dar nas vistas.”
Do tapete para o mar, Gustavo Lima ficou a apenas um ponto do terceiro lugar na Vela. A natural desilusão de quem lutava por uma medalha levou-o a declarar falta de apoios: “Continuar a ganhar 1000€ por mês não é suficiente para um atleta (…) Não tenho um SLB nem um FCP por trás (…) que me dêem as condições que necessito para velejar e ser um dos melhores do mundo.”
Bem, este é um “apanhado” do que os jornais contam que por Pequim se contou. Confesso que gostaria de tecer algumas criticas (negativas, quiçá), mas acho que seria injusto da minha parte, porque:
- Não acompanhei a par e passo os Jogos Olímpicos;
- Não percebo o suficiente de desporto para tecer críticas;
- Estaria a ser, talvez, um pouco injusta, pois: a) estas são declarações fora do seu contexto real; b) apesar de acreditar na isenção dos jornalistas, esta já seria uma critica à critica feita por alguém, que ouviu o atleta a dizer que… c) vamos esperar para ver o que se segue: os atletas estão a chegar a Portugal, e com certeza que irão ocorrer evoluções neste campo.
Olivier Girault, campeão da equipa francesa de andebol, antes do jogo com a Rússia, fez o seguinte comentário: “Quando queremos superar uma montanha, não entramos dentro dela, contornamo-la."
Aos atletas portugueses, apesar da desilusão da derrota, diria o mesmo… Fontes: Jornal de Noticias, Jornal o Público, Jornal Destak
Bárbara de Sotto e Freire
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