Sabes que a tua ausência dói, magoa. Sabes que as saudades são tão pertinentes como a tua ausência. Sabes que as coisas não acabam só porque decidimos que devem acabar.
Nem sempre o nosso coração é tão sensato quanto a nossa razão. Nem sempre nos conseguimos esquecer aqueles que amamos.
Caramba, porque é que o amor é assim, dificil?!
Sei que fui eu quem nos distanciou. Razões? Mesquinhez, sentir-me só, sentir que já não fazia mais parte da tua vida. E quando uma mulher se sente assim, não foge, apenas faz disparar a sua fúria em todas as direcções, fica encolerizada, como se isso fosse uma forma de te dizer "quero-te", "preciso de ti"; ao mesmo tempo que te diz "vai-te embora", "esquece que eu existo", está a dizer-te para tu ficares, para a abraçares, para amares.
Hormonas e mulheres são dificeis de compreender :)
Contudo, com o passar do tempo, dos dias que se tornaram meses, longos meses, o facto de te teres esquecido de mim, embora possa ser apenas um esquecimento aparente e não sentido, quero eu acreditar, começa a magoar-me mais que as nossas constantes discussões, dos nossos abraços furtivos, das chamadas diárias que me fazias só para saber se estava tudo bem.
Não te consigo esquecer, nem te quero negar.
No fundo, não acredito que te esqueces-te de mim. Quero acreditar que continuo viva no teu coração e na tua memória. Quero acreditar que a minha imagem está cravada em ti, como o teu sorriso e os teus comentários sarcásticos estão gravados, até hoje, e para sempre, na minha memória e no meu coração.
Até posso ser parte responsável. Tudo bem. Queres que dê o braço a torcer? Eu dou. Mesmo assim, depois de te ter escrito não posso acreditar, não quero acreditar, que o teu coração está congelado. Até acredito que esteja magoado, mas não que o tenhas perdido.
E depois de te escrever comecei a contar os dias, as horas, que demoravas a devolver uma resposta, nem que esta fosse "esquece-me". Mas nada. Nenhuma resposta, nenhuma mensagem, não dás sinais de vida, embora as circunstâncias me levem a saber que estás vivo. Não sei se bem, mas sei que ainda existes![Não, as mulheres não são cuscas, mas às vezes as pessoas contam-nos as coisas que nós não lhes perguntamos].
Costuma-se dizer que o desprezo é o melhor remédio. Pergunto-me se o mereço?Talvez.
Enquanto resolves a tua vida, enquanto te resolves, vou deixar de esperar, de consultar o email de hora a hora. Vou deixar que o tempo passe.
Também se diz que o tempo cura as feridas.
Vou deixar que o tempo cure as nossas feridas, vou deixar que lave as nossas almas, que purgue os nossos corações.
Enquanto isso vou tentar ser feliz. Vou viver a minha vida, vou deixar de lamber as feridas, e ficar acossada no canto, só porque não estás aqui.
Desculpa se te amo. Desculpa...
Mas chega de me lamentar da minha dor. Ainda estou viva, também estou viva. Estou aqui. Ainda te amo. Sempre.
Por ti, por nós, por tudo o que a vida me ensinou, renasço das cinzas, e regresso de novo à vida. Agora, a minha vida. Amanhã nossa. Quem sabe?
Até sempre. [Até sempre" é a maneira mais simpática de te dizer que acredito no amanhã.]
Bárbara de Sotto e Freire
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