«Às vezes somos possuídos por uma sensação de tristeza que não conseguimos controlar. Percebemos que o instante mágico daquele dia passou e nada fizemos. Então, a vida esconde a sua magia e a sua arte.
Temos que dar ouvidos à criança que fomos um dia e que ainda existe dentro de nós. Essa criança percebe de instantes mágicos. Podemos sufocar o seu pranto, mas não podemos calar a sua voz.
Essa criança que fomos um dia, continua presente. (...)
Se não nascermos de novo, se não tornamos a olhar a vida com a inocência e o entusiasmo da infância, viver não terá mais sentido.
Existem muitas maneiras de se cometer suicídio. Os que tentam matar o corpo ofendem a lei de Deus. Os que tentam matar a alma, também ofendem a lei de Deus, embora o seu crime seja menos vísivel aos olhos do homem.
Prestemos atenção ao que nos diz a criança guardada no peito. Não nos envergonhemos por causa dela. Não vamos deixar que ela tenha medo, porque está só e quase nunca é ouvida.
Vamos permitir que ela tome um pouco as rédeas da nossa existência. Essa criança sabe que um dia é diferente do outro.
Vamos fazer com que ela se sinta amada novamente. Vamos agradar-lhe - mesmo que isso signifique agir de uma maneira a que não estamos acostumados, mesmo que isso pareça uma tolice aos olhos dos outros.
Lembrem-se que a sabedoria dos homens é loucura diante de Deus. Se ouvirmos a criança que temos na alma, os nossos olhos tornarão a brilhar. Se não perdermos o contacto com essa criança, não perderemos o contacto com a vida.»
Paulo Coelho
in Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei
Bárbara de Sotto e Freire
Sem comentários:
Enviar um comentário