Vagueio
por entre o Vazio que me preenche
pela solidão de que me sou
e sinto
Vagueio
por entre o olhar indolente
dos confrontos injustos
da solidão de mim comigo
do SER de que sou Vazio
do Vazio que me enche
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Esquecendo
Levando consigo
Só o (meu) Vazio
Vagueio
solitariamente por este beco
por este mundo sem céu
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ sem tecto
preenchido do Nada
que é a solidão
E o não
da mão que não se dá
do abraço que não se sente
do amor que não se entende
do olhar
que Nada compreende
o SER errante que sou
que ninguém tende a ser
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ o SER Vazio
Vagueio
Sentida a brisa leve soltada pelo vento
que sem rumo ou destino amacia
que me guia o alento
que como fado acaricia a alma
de quem segue solitária
pelo Vazio
Vagueio
E atiro-me desta falésia dourada
Por este precipício
Drogada
E pertenço ao Infinito
ao Infinito do Nada
Mas espreita a aurora
e os raios quentes do sol despertam-me
da droga maravilhosa
que é estar
Livre do Nada
_ _ _ _ _ _ _ _Cheia de Infinito
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _Saciada de ilusão
que não acaba
Do sonho
Do prazer de SER Vazio
De estar no Infinito
Abandono-me
(e) então vagueio
perseguida pelo Vazio
usada pela solidão
e no silêncio do Nada
vou ousando
_ _ _ _ _ _ _ ser Drogada
e atiro-me
para sempre
da falésia
para o Infinito
_ _ _ _ _ _ _ _ do (SER) Nada
Bárbara de Sotto e Freire
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