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sábado, 13 de dezembro de 2014
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
O meu divã de Marraquexe
Pela janela deste meu escritório, deste meu refúgio, desta minha pequena caixinha, baixo as persianas de modo que entrem apenas pequenos raios de sol, filtrados pela forma das mesmas. Lá ao fundo, bem ao fundo, o mar. Deito-me no meu pequeno sofá, com as pernas por cima do encosto, com a cabeça pousada sobre uma cadeira almofadada, e a face virada para o infinito. Ligo a minha mais recente aquisição musical – o CD de música clássica com sons de mar – na minha pequenina aparelhagem; coloco o som numa altura amena, ligo o aquecedor no mínimo... a Nina faz-me companhia.
A Nina é uma cadela que encontrei abandonada a semana passada; ainda é muito pequenina, e tem os olhos cor de avelã escura. É preta e castanha e tem um focinho que maravilha qualquer alma. Juntamente com a Mia, a gata que puseram aqui na porta de minha casa faz agora três meses, dá-me à alma a ternura de que preciso para me sentar e escrever. Ambas são fonte de carinho, de meiguice, de paz. Ainda não estão bem acostumadas uma com a outra; a gata toma conta da cadela, e assume um papel maternal, embora defenda muito o seu território, e não permita à cadela muitas brincadeiras.
Penso que se vão entender bem e num futuro próximo espero vê-las a dormirem juntas, a brincarem juntas e a fazerem-me sentir um pouco realizada.
Fecho os meus olhos perante estas réstias de sol, onde se vêm algumas partículas a pairar, e divago pela minha mente.
Vou para o meu lugar inventado, onde também eu não sou eu, mas a Bárbara... e estabeleço comigo mesma uma conversa franca e sincera, de tudo o que fui e sou, mas tudo não passa da minha imaginação, do meu lugar inventado, com a minha gente, com as pessoas que sonho, com as personagens que construo, por entre intervalos de sono.
Mas o meu lugar inventado, esse meu lugar, é de uma beleza tão idílica que se torna difícil de exprimir por palavras o que esse lugar é, para mim. As palavras tornam-se limitantes perante a magia do sonho, da ternura e das lambidelas da minha cadela, que me fazem estar entre dois mundos tão diferentes, mas igualmente reais.
Sento-me no meu divã de Marraquexe, numa varanda com soalho de madeira. A varanda é muito grande e extensa. Atrás de mim uma grande porta de correr, toda ela em vidro, por onde o ar passa e remexe as cortinas de seda fina, quase transparentes. Ainda atrás de mim algumas plantas, num canteiro com um design sui generis... ao meu lado uma pequena mesa onde repousa um livro, uma lapiseira, e um copo com algo alaranjado no seu interior. Um sumo de toranja e manga, com dois cubos de gelo. Óptimo! Do meu outro lado e um pouco atrás está o meu cavalete, com uma tela em branco. Uma pequena mesa tem os meus pincéis, as minhas tintas, os meus jarros de água, e algumas misturas de cores. Para além da varanda, de madeira cruzada, talvez de carvalho ou de cerejeira, estende-se o infinito. Uma praia deserta, de areia branca e fina, e depois, logo ali, bem perto da minha varanda inventada, o mar.
A maré está baixa e vêm-se algumas rochas que parecem flutuar sobre a leveza das águas calmas e límpidas. Não vejo mas sei que logo ali há pequenos cardumes de uns peixes pequeninos...
São parecidos a uns que eu costumava apanhar e pôr em frascos quando vinha da escola primária e, mentindo à minha mãe, fazia um atalho pela Fonte do Marau, onde me deliciava a apanhar umas plantas esquisitas de tão requintadas que eram, e uns peixinhos que não o pareciam, mas nadavam por ali... divertia-me imenso... sobretudo depois de me dar conta que tinha roubado os frascos do mel vazio que a minha mãe guardava religiosamente até à próxima colheita, e sentia os braços, curtinhos e redondos, completamente encharcados. E por momentos era criança, uma criança feliz...
As ondas são baixinhas, e o som do mar confunde-se com o ruído da minha música clássica, que soa de uma sofisticada aparelhagem com som sorround na varanda. Na minha varanda inventada, claro! Por entre um Mozart, um Bach, uma Maria João Pires, vão-se soltando as ondas e sente-se a paz do infinito.
A cozinha, com uma mesa de madeira de carvalho, grande, e com apenas dois bancos compridos, um de cada lado, daqueles que se usavam antigamente, e que a minha bisavó tinha na cozinha... e um fogão a lenha, onde de vez em quando cozo a minha fornada de pão. A um canto da cozinha há uma chaminé, também daquelas antigas, e sob ela jaz uma panela preta de três pernas, semelhante às dos filmes das bruxas, e como a da minha bisavó, da qual guardo muito boas memórias. Há uma banca de mármore, e muitos armários de madeira de estilo rústico. Do outro lado, mais junto à mesa, nasce uma parede que não esconde nada: dela emergem duas grandes janelas das quais se vêm as montanhas. O ambiente é acolhedor e colmatado pelas cortinas de linho.
Regresso à minha varanda, ao meu divã. É um divã de Marraquexe, daqueles de palhinha entrançada e com duas curvas sinuosas em ambos os topos. Sobre essa palhinha uma almofadão revestido a algodão branco pérola. Sentada no divã, com uma pele dourada e luminosa, com um chapéu de abas largas a proteger-me o rosto delicado, e um vestido solto, tento respirar a paz daquele meu cantinho inventado. Não sei onde pára a minha mente, nem o meu espírito. Estou em plena harmonia com os sons e os cheiros que me rodeiam, com o conforto que me é oferecido, e esqueço-me de mim, de tão absorta que estou nessa viagem que faço.
Está a entardecer e o sol está a pôr-se no horizonte. Levanto-me, e descalça, sigo até à varanda onde me apoio. A brisa torna-se um pouco mais forte e tenho de segurar o meu chapéu. Semicerro os olhos face ao sol que se põe. Sinto o chão sob os meus pés, a natureza ao meu redor, e diante de mim o infinito. E uma paz calma e serena - de quem concluiu tudo o que tinha a concluir, inclusive a tela branca esquecida sobre o cavalete - invade-me, fazendo-me entrar num êxtase de alma, pairar, olhar para o céu e senti-lo dentro de mim, ver o mar e reflectir o seu brilho nos meus olhos, cheirar esta beleza, e expirar paz...Está a arrefecer cada vez mais e o meu vestido esvoaça. Mas não me apercebo do frio que me aconchega a alma. Entretanto vem a Maria com um xaile de lã. Pousa-mo suavemente pelas costas, beija-me a tez, e passa-me para a mão uma caneca de chá branco, perfumado. Sorri para mim e tal como apareceu, esvai-se.
A Maria é a minha ama inventada. É aquela personagem que construí e que nunca deixará de habitar o meu imaginário. Foi uma ama boa, uma companheira estupenda na adolescência, e nunca me abandonou, seguindo sempre lado a lado comigo, dando-me conselhos de vida, com a sua experiência de mulher viúva. Permanece comigo neste meu mundo inventado.
O sol deixa de estar forte, e por isso tiro o chapéu. Bebo o chá quente que transpira o frio da brisa marítima, e pouso a caneca no chão, junto dos meus pés. Agarro-me à varanda e os sons de um piano ao fundo confundem-se com o bater das ondas. O céu fica súbita e gradualmente mais cinzento, pressagiando uma chuvada, quem sabe uma tempestade... não, não é tempestade, porque a areia que está debaixo da minha varanda está seca e mantém a sua cor pálida... quando vem tempestade ela fica húmida e um pouco mais grossa. Enquanto os meus pensamentos se debatem sobre o tempo que irá fazer durante a noite, começa a cair aquela chuva miudinha que eu tanto gosto. A intensidade da chuva vai aumentando, e o abandono o meu xaile junto à caneca do chá, e do chapéu. Salto, pela varanda, para a areia, agora húmida, e o meu vestido cola-se ao meu corpo de tão encharcada que estou. A chuva sobre a minha pele dourada confunde-se com as minhas lágrimas. Mas são lágrimas puras, que vêm de dentro de uma alma sinceramente triste... alguns sorrisos escapam dos meus lábios quando pequenos raios de sol despertam por entre os chuviscos e lá ao fundo, para além da linha do horizonte, forma-se um arco-íris. Estou encharcada, com a roupa colada ao corpo e nunca me havia sentido tão bem, tão... eu.
A Maria chama-me, preocupada: “menina, menina”. Abandono então os meus pensamentos, salto para a varanda com algum esforço, porque é realmente elevada da areia, e olho para a expressão preocupada da Maria. Já pegou em tudo o que estava ali no chão, e cobre-me com um toalhão fofo, onde me enrosco.
Ela abraça-me. Afinal sou a sua filha. Sou a filha de uma personagem estéril. Filha do mar.
“A banheira está cheia, pus os sais de banho que mais gosta, o quarto está aquecido, e vou-lhe preparar uma sopinha não vá agora ficar doente” diz-me com a sua voz meiga. “Não te preocupes comigo, Maria, já tenho idade para me cuidar”, respondo. Ouço-a a falar baixinho, mas não percebo nitidamente o que diz... mas imagino que vai a pensar alto... “se não fosse eu, o que seria de si, menina; lá tem idade para se cuidar?!, estas meninas, hoje em dia...”
Dirijo-me ao meu quarto, e vou deixando o meu rasto pois estou tão encharcada que marco tudo por onde passo. Chego ao banho e a banheira fumega; as paredes estão embaciadas, e o ambiente está ameno. Então, dispo-me, e mergulho na banheira, com a água quente a lavar-me a alma pura, com o bafo morno a sugar-me os poros do frio, e o cheiro das violetas e encharcar-me o espírito. Lá fora chove, o sol ainda não se pôs, oiço o mar, mas a Maria já desligou o meu som. Deixo-me estar nesta paz, onde as lágrimas me purificam, e o calor das águas me abraça.
Entretanto uma onda mais forte faz-me sentir que tudo isto é no meu cantinho imaginado, onde tudo não passa de sonho e fantasia, mas onde o mundo que vivo e o que sonho se fundem num só, como uma tela branca, sobre um cavalete, à espera dos traços do pintor. E os pintores da vida somos nós.
“Até logo Bárbara, durma bem” diz-me a Maria, aconchegando-me os lençóis e dando-me um beijo de boas noites.
A Maria despede-se de mim, como uma mãe. Fecho os olhos, enrosco-me nos lençóis e num edredão de penas, e tento encontrar um calor que me insone a alma, como se encontrasse naquela cama os braços de uma mãe que me aconchegam, ou os braços da minha metade, que algures paira, e que ali estariam para me proteger.
A noite chegou, e as penas deixo-as ir com a brisa, porque a alma, essa, jamais estará limpa da tristeza, como a minha tela branca, que sem estar pintada, ficou manchada pela chuva.
“Adeus Maria, dorme bem”...e na minha mente esvoaça o pensamento “quem sabe amanhã já cá não estarei para me adormecer na solidão, para receber os mimos estéreis da Maria, e para mudar a tela do cavalete. Talvez amanhã já eu própria seja mar, música, chuviscos e areia branca. Talvez..."
Bárbara de Sotto e Freire
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Fique Optimus com a Optimus Home!
Faz
hoje 6 anos que deixei a Optimus Home para abraçar um outro grande
desafio.
Nestes
6 anos cresci muito enquanto pessoa e profissional, aprendi muito,
assisti ao crescimento de um conceito, de uma marca, da qual me
orgulho, e que muito me apraz fazer parte.
Contudo
nunca poderia deixar de esquecer quem me viu nascer atrás de um
telefone, a vender telefones. Uma casa que me ensinou as máximas que
ainda hoje emprego, uma família que me levou longe. Digo que será
muito difícil na minha vida encontrar uma equipa tão especial como
aquela que encontrei na Optimus.
A
vida é feita de sentimentos. Não podia deixar passar o dia de hoje
sem enviar um enorme abraço para toda a família OH de há 6 anos
atrás do Call Center Ferreira Dias.
Um
abraço cheio da saudade que só os amigos, a distância e o tempo
conhecem. Um abraço repleto do espírito sincero de que era feita a
nossa equipa, da imensa humanidade que nos juntou. Até sempre.
Bárbara de Sotto e Freire
06 de Outubro de 2014
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domingo, 5 de outubro de 2014
Será que o amor acontece?
Hoje pergunto-me se realmente o amor acontece.
Foste único comigo. Acompanhaste-me às consultas, deste-me carinho, amor e proteção. Fomos viver juntos, e o nosso amor aconteceu, assim, tal qual ele era, sincero e transparente, porque para mim, tu eras a minha pessoa. Aquela pessoa especial que eu amei de forma autêntica. Aquela pessoa especial que todos os dias eu tentava compreender e me dava, de forma, original, divertida e sorridente, o seu amor.
Contudo, o tempo foi-nos desgastando.
O facto de termos alguns gostos diferentes levou-nos a estar cada vez mais afastados um do outro. Eu penso que foi isso. Julgo que foi o facto de tu gostares de voar com os teus aviões telecomandados, e de eu gostar de estar em casa, a ver televisão, com uma manta e uma caneca de chá, entre muitas outras diferenças que eu poderia apontar, que nos levou a discussões que se tornaram cada vez mais acesas, cada vez mais frequentes, cada vez mais dolorosas. A certa altura senti-me incompreendida, sabes? Não conseguia perceber a tua distância. A distância do homem que eu amava. E isso ainda me fazia sofrer mais dentro do meu sofrimento. Não consigo pôr-me no teu papel e fazer de mim o meu namorado… sei que é isso que tu, que me estás a ler, neste momento, me pedes. Mas não consigo inverter os papéis. Quando tento acho sempre que teria uma postura mais compreensiva e não tão fria. Eu que no início deste relacionamento achava que era a voz do ser racional e que não deixava falar o coração! Consegues ver o quanto me mudas-te? Eu amei-te de forma tão intensa, tão intrínseca, tão mágica e única, entreguei-me a nós como se o nós fosse a razão da minha existência, e aprendi tanto! Mas sabes, sofri muito também.
Em Novembro a nossa relação foi à rutura. Quiseste que eu saísse de casa e a minha mãe não me deixou voltar à casa dela. Aí achei que o mundo estava do avesso. Só me questionava porquê? Porque é que o Afonso me está a causar tanto sofrimento? Porque é que a minha mãe não me aceita de volta? Qual o motivo de uma história de amor acabar assim?
Chorei todos os dias por ti. Todos os dias te liguei a suplicar uma nova oportunidade para nós. Mas tu, Afonso, estavas irredutível. Tentei, por tudo, que os teus olhos, são lindos os teus olhos, se voltassem para mim, e só algumas semanas depois tu me deste a possibilidade de falar contigo pessoalmente.
Tentamos de novo viver juntos. Mas no mesmo dia em que me mudo para tua casa, tu dizes-me que não estás para me aturar.
Essas foram, até hoje, as palavras que mais me doeram, que mais me feriram a alma. Por mais que lave a minha memória, não consigo esquecer estas tuas palavras. Nem tudo o que te disse foi justo, muito longe disso. Mas jamais disse algo de tão grave que ficasse gravado na tua memória, como "aquelas palavras terríveis", como "as palavras que quando lembro tenho de fechar os olhos para não doer tanto".
Não me querias aturar?! Eu também não. Eu só queria estar contigo. Partilhar a felicidade dos meus dias com o príncipe que encontrara, livrar-me da infelicidade ao lado da minha pessoa, construir algo de que me orgulhasse ao olhar para trás, sempre contigo.
De facto depois disso ainda conversamos, mas a determinada altura eu não quis mais a minha pessoa para mim. A relação estava a ser muito conturbada, estava a prejudicar-me como nestes últimos meses. Eu queria alguma estabilidade, e era tudo o que eu não tinha contigo. Em Janeiro despedi-me de ti.
Mas nunca me esqueci do homem fantástico que és, da pessoa maravilhosa com quem partilhei momentos únicos e inesquecíveis.
Nunca me esqueci do teu pequeno-almoço, das tuas chamadas, do facto de me chamares "meu amor"… Nunca me esqueci do toque das mãos, nem do teu cheiro. Neste tempo que passou, jamais me esqueci de ti Afonso. Vou levar-te comigo para onde quer que eu vá.
Guardo memórias fantásticas do tempo que passamos juntos. Adorei atirar-te à neve, Amei a primeira viagem que fizemos juntos. Tu lembras-te?! E Porto Antigo? Foram dos dias mais especiais que tive… Tenho saudades dos teus cozinhados. Quero que saibas que ficas-te guardado num lugar bem especial.
Hoje desvinculei-me de ti. Há tempo de mais que chorava pelos cantos, que sonhava contigo, que me perguntava pelo meu Afonso, sabendo que já não eras meu, que nunca tinhas sido meu, mas alguém que tinha dado uma nova luz à minha vida. Hoje decidi reaver a minha energia projectada em ti e voltar ao meu caminho.
Não é solução viver enlutada por um homem vivo. Acho, sentidamente, que mereces ser feliz. E eu também. Guardo dentro de mim o Afonso minha pessoa. Brilha por onde fores. Para onde fores. Por onde o tempo te levar.
Bárbara de Sotto e Freire
04 de Outubro de 2014
sábado, 25 de setembro de 2010
Desabafos - Setembro II

«Daqui a alguns anos estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Solte as amarras! Afaste-se do porto seguro! Agarre o vento em suas velas! Explore! Sonhe! Descubra!»
Mark Twain
Bárbara de Sotto e Freire
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Estou farta de ervas daninhas,
Mark Twain
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Desabafos - Setembro I
Há dias em que gostaria de voltar atrás no tempo.
Hoje gostaria, particularmente, de voltar ao dia 23 de Setembro de 2008.
Tenho dito.
Bárbara de Sotto e Freire
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Um pouco de céu II
«Só hoje senti
que o rumo a seguir
levava pra longe
senti que este chão
já não tinha espaço
pra tudo o que foge
não sei o motivo pra ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar
e hoje deixei
e hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu
só hoje esperei
só hoje esperei
já sem desespero
que a noite caísse
nenhuma palavra
foi hoje diferente
do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro no fundo de mim
e há uma força a vencer
qualquer outro fim
não quero levar o que dei
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu»
Um pouco de Céu
Mafalda Veiga
Bárbara de Sotto e Freire
domingo, 12 de setembro de 2010
«No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.»
Martin Luther King
Bárbara de Sotto e Freire
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
Para ti!
Este post é para ti. Sim, para ti. Não hesites quando o leres. Sabes exactamente quem és!
Poderia dizer que ás vezes a saudade me faz "bater mal", e quando falo de vocês me vem uma lagrimazita ao olho. É inevitável.
Sabes que poderia apontar muitos motivos para dizer porque é que aquela casa me marcou tanto.
Poderia dizer que foi pelo facto de ter sido o meu primeiro emprego. Talvez.
Mas diria antes que foi pelas pessoas com quem trabalhei no meu primeiro emprego. Pelas pessoas que me ensinaram a vender, pelas pessoas que me disseram que a produtividade não era eu mas um grupo, uma equipa. Pelas pessoas que poderiam parecer frias quando tinham de dispensar um elemento, mas que vinham cá fora fumar antes e depois de o fazer, para afastar os nervos, a tristeza, o stress, e a posição (ingrata) que eram obrigadas a tomar. Foi pelas pessoas com quem eu trabalhei que eu entrava mais cedo e saía mais tarde, independentemente do cansaço, independentemente do sucesso ou do insucesso daquele dia. Foi pelas pessoas daquela casa, que eu aprendi a dizer "sou campeã", "Oh meu Deus que sois tão bom", ou a adaptar a célebre música das doce.
Mas também foi por mim, por me sentir feliz, acolhida, bem sucedida, que eu fiz tudo. Sei que estou a ser egoísta, mas também foi por mim. Porque enquanto eu estava ali, a falar com clientes, com os meus tecos, a fazer n campanhas, era eu própria, percebes?
Lembras-te dos livros que me emprestavas e que eu lia avidamente? Das nossas conversas sobre Vargas Llosa, sobre Fernando Pessoa, sobre as vinhas do Douro, sobre tudo o que há para falar, para ouvir e escutar? Lembras-te dos nossos cafés, e dos nossos cigarrinhos ao fim da tarde, antes do turno das 18h?
Eu lembro-me de tudo. Tudo ficou impresso na minha alma, de modo que ainda hoje, diariamente eu vos lembro, e quase vos venero. E quando me aparecem aqueles clientes menos simpáticos eu lembro-me de ouvir "atitude gera atitude", e quando tenho trabalho e mais trabalho e mais trabalho lembro-me de ouvir "há tarefas urgentes e importantes", e quando tenho casos bicudos e quero vender, lembro-me do SCRIPT, e do "não pressiones, impressiona", e lembro-me de ti a "calçares os sapatos do cliente", falando de vinhos e de pratos típicos, e de tudo e mais alguma coisa! E quando tudo parecia perdido lá vinha a reza e a reza trazia sapiência. E ao fim do dia perguntavam-me "quantos conseguimos?" e eu era uma princesa feliz.
Tudo me foi generosamente oferecido, e foi preciosamente guardado
Tenho em vocês um tesouro, em ti uma amiga.
E em dias árduos, em que as personalidades chocam, e as rivalidades se cruzam, tenho em vocês a força e a coragem para respirar fundo e lembrar-me do quanto me faria bem uma vodka preta com limão.
Por falar nisso estou a dever-te uma; quando marcamos?
Um abraço em nome da lucidez que me transmitem, e da saudade que me mantém viva, por saber que a vodka está para breve.
Bárbara de Sotto e Freire
P.S.: As citações deste post são todas elas de vendedores de excelência do call center Ferreira Dias. Cabe-me a honra de dizer que trabalhei com todos eles.
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quinta-feira, 15 de julho de 2010
Guerreiros da Luz
Isto está deitado ao abandono.
Alegadamente por trabalho, deixei-me ir na onda de me consciencializar que não tinha muito tempo para bloguices e ia adiando para as folgas. Na folga adiava para a próxima folga, até que adiei para as férias. É facto que fui de férias, o portátil foi comigo, até andei pela Net, mas nada de posts. Achei que não era o tempo certo, o momento exacto. "Ah e tal, quando chegar!", pensava eu. Mas quando cheguei, voltei a adiar. Até hoje. Adiei durante alguns meses uma vontade irascível de teclar sem um propósito puramente racional, até que me dei conta que hoje preciso de acertar as contas emocionais comigo mesma.
Por vezes adiamos conversas difíceis. Conversas nas quais deixamos de estar na nossa zona de conforto e nos atravessamos num vazio do qual não sabemos o que esperar. Talvez apenas que vamos crescer mais um bocadinho, mesmo que isso seja doloroso, mesmo que não seja simpático, mesmo que seja estranho e alheio ao que até agora experimentamos.
Infelizmente não tenho um Dr encalhado ao meu nome, que me permitiria virar as costas e dizer basta, nem tenho uma herança de família que permita viver ás custas dos rendimentos. E lamento que nem todos tenham honestidade suficiente para serem felizes apenas por si próprios, sem ferir a susceptibilidade dos outros, nem pisar a liberdade dos que o rodeiam.
Gostaria de ser perfeita e insubstítuivel. Não o sou, nem nunca o serei. Erro, perco-me, e desvio-me do "verdadeiro" caminho daqueles a quem chamo Guerreiros da Luz. Mas tento lutar todos os dias por ser melhor. Melhor pessoa, e melhor profissional. Tento aprender todos os dias. E confesso ficar frustada, zangada, irada, comigo própria, quando cometo os mesmos erros do passado, quando não sou suficientemente perfeita, e quando não atinjo as metas a que me proponho. E fico igualmente zangada, quiça decepcionada, quando vejo que quem está ao meu lado não pára de me aponta defeitos sucessivamente, de um modo ora sorrateiro, ora (a)berrante, fazendo-me entristecer, deixar de sonhar, e pensar em desistir.
E hoje, pela primeira vez, eu disse-te. Disse-te frontalmente, com um tom de voz que nunca esperei manter, suave e seguro, que não permitia que o fizesses.
Disse-te hoje, pela primeira vez, como o deveria ter dito há muitos anos a algumas das personagens com que me confrontei ao longo da vida. Fi-lo hoje pela primeira vez. Sem ódio, nem raiva. Apenas com a sensação de que comecei a crescer tarde. Apenas com um turpor na alma que me deixa infeliz. Fi-lo e embora não saiba se tenho coragem para o repetir, prometo incessantemente a mim mesma que o voltarei a fazer se for necessário. Agora de um modo mais sábio, mais subtil, mais adulto, mais consciente, e sem medo.
Neste momento tenho a sensação de estar atafegada, apesar de não querer ninguém ao meu lado. Tudo esmorece, tudo é desilusão.
A partir de hoje deixarás de me ter ao teu lado para te proteger nas tuas lamúrias, e nos teus filmes inventados, que eu ouvia e dos quais ficava desgastada. Chega, basta.
Uma parte de mim ficou para trás. Ou não.
Mas acredita, que me ensinaste muita coisa.
Não sei até quando podemos adiar a nossa felicidade. Mas espero, que a partir de hoje, esse tempo se esbata.
Eternamente.
E assim começa o acabar do abandono do blog.
Bárbara de Sotto e Freire
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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Desabafos - Fevereiro III
«Não há que ser forte. Há que ser flexível.»
Provérbio Chinês
Bárbara de Sotto e Freire
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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
A vida num sonho
Quem me quiser há-de saber as concha
sa cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes,
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há-de saber a chuva
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há-de saber os medos
Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há-de saber a espuma
Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente -
Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
Rosa Lobato de Faria
[20/Abril/1932 - 2/Fevereiro/2010]
Bárbara de Sotto e Freire
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Rosa Lobato de Faria
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Infelizmente é assim, mas não me conformo
Aqui vai.
Talvez sem muitos rodeios, tiro certeiro, dedo na ferida.
Vivo em Argoncilhe não vai há muitos anos. Quatro, mais coisa menos coisa.
Vivo em Argoncilhe não vai há muitos anos. Quatro, mais coisa menos coisa.
Árgoncilhe, ou Vila de Árgoncilhe?! Pois é, fiquei a saber há cerca de quinze dias que existem em Portugal dois locais distintos, nenhum deles Argoncilhe, mas Árgoncilhe, e Vila de Árgoncilhe, nenhum deles uma freguesia a constar no mapa dos senhores (ou do senhor que me atendeu) da Assistência em Viagem.
Adiante. Em Argoncilhe, Santa Maria da Feira, Aveiro. Aí mesmo.
Desde que aqui vivo tenho-me deparado com particularidades no mínimo caricatas, que nos últimos meses, me têm levado a uma certa irritabilidade, vá.
Começo pelos contentores do lixo. Quando para cá vim morar não haviam contentores do lixo na minha rua. Qual o meu espanto, num concelho evoluído, não existirem contentores do lixo. Eu já não digo ecopontos (existe um na rua principal - que é muito extensa). Falo de contentores do lixo! Em 2009, há alguns meses atrás, instalaram na minha rua alguns contentores do lixo. Eh, que felicidade, viva a evolução e a limpeza!
Gostaria ainda de falar de saneamento básico, da rede de esgotos, mas como gostaria que a leitura se tornasse aprazível, não vou deitar a escrita para esse campo.
Ou talvez dos cartazes e da publicidade que na altura das eleições ficam tempos infinitos pendurados na rotunda do Picoto - bem perto de minha casa.
Como estou a falar dessa rotunda, aproveito para falar de estradas. É que essa mesma rotunda anda em obras. Até aí, tudo bem. Mas as obras deixaram a rotunda completamente esburacada durante meses. O meu carro avariou na famosa rotunda. O meu e muitos outros. E só depois de meses de buracos e obras, em que na rotunda se tinha de conduzir em primeira, é que se lembraram de a asfaltar. Vá lá! Mesmo assim aquela sinalização é um espectáculo! Só por quem lá passa!
E quem passa de carro na Rua de S. Domingos - e transversais - passa por trabalhos! São buracos inesperados, remendos mal feitos, estradas provisoriamente cortadas, desvios feitos à pressão!
E quem passa de carro na Rua de S. Domingos - e transversais - passa por trabalhos! São buracos inesperados, remendos mal feitos, estradas provisoriamente cortadas, desvios feitos à pressão!
Ah, e no cruzamento da nacional para essa mesma rua, a de S. Domingos, há uns semáforos, que de quando em vez (frequentemente) avariam. E só voltam a funcionar passado uma semana, ou então... quando há um acidente.
E a última das últimas novidades! Numa das transversais da Rua S.Domingos, que é uma rua sem saída, e onde há um bloco de prédios, o condomínio pintou os lugares de estacionamento. Ideia de aplauso! Qual o meu espanto quando ontem vejo que nessa mesma estrada a Protecção Civil pôs o sinal de estacionamento proibido. É claro que se fosse um condomínio chique, nada disto acontecia. Mas enfim. Chegam aqui, espetam o sinal no meio do jardim e vão-se embora. Não deixam explicação na caixa de correio, nada. Nicles. Até pensam que vou estacionar o meu carro no meu quarto, que por acaso fica no primeiro andar de um bloco de prédios, dessa rua sem saída. Ora bolas! Mas o mais caricato é que nesta rua sem saída estão dois mamarrachos, vulgo carros, a cair de podres, desde que para cá vim morar, isto é, há já uns anitos. Esses mesmos veículos, em visível estado de degradação, ocupam dois lugares de estacionamento (pelos vistos, agora, proibido!), mas de cá ninguém os tira, nem a polícia, nem a protecção civil, nem a junta, nem a câmara, nem o diabo a sete. Ora bolas, bolas!
Estou farta destas políticas sem jeito nenhum, e destas regras que são feitas para serem obrigatoriamente quebradas.
E quando me perguntarem onde vivo, não vou dizer em Argoncilhe. Porque Argoncilhe não consta do mapa. Vivo entre algures e nenhures.
Vou emigrar para Jerusalém.E talvez, nem aí. Tenho dito.
Bárbara de Sotto e Freire
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Estou farta de ervas daninhas,
Nervosa,
Para lá
Desabafos - Fevereiro I
Estamos em Fevereiro e ainda não me deste a minha prenda de Natal.
Não sei o que pense, mas sei o que sinto.
Em estado de sítio. A precisar de mudar.
Bárbara de Sotto e Freire
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Estou farta de ervas daninhas
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
À Beleza
«Não tens corpo, nem pátria, nem família,
Não te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.
És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.
És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.
És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.
És a beleza, enfim.
És o teu nome.
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço...
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço.»
Miguel Torga, in 'Odes'
Bárbara de Sotto e Freire
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Miguel Torga,
Poesia
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
A tua ausência
Este natal vai ser mais triste. Vai ser sem ti. Não mais vou ouvir a tua voz, não mais vou ouvir que conseguis-te ultrapassar esta ou aquela batalha. Sempre foste lutador, desde que me conheço. Lembro-me de ires lá para casa, e estarmos todos juntos, eu, tu, o meu irmão e a tua irmã. Grande tarde, essa que recordo hoje com saudade.
Não sei se sou demasiado simplista, mas acho que a nossa existência se resume a duas questões: o que fizemos durante a vida, e como se recordarão as pessoas de nós após a nossa morte.
Tu bem sabes que conquistas-te as pessoas. Bem sabes que as tuas limitações fisicas te elevaram a um patamar bem mais alto que nós, na nossa limitada e mesquinha perfeição, nos permitem fazer. Lamento e choro a tua ausência. Hoje, este natal. Sempre. Como se a tua ausência tivesse tocado num ponto muito sensível de mim, e me tivesse feito pensar que afinal não tenho dado o meu melhor, não tenho amado no meu todo.
Este natal vai ser mais triste também por ti. Porque tiveste um acidente, e estás deprimido, numa cadeira de rodas, e eu não sei que te dizer. Chego à tua beira, mas não junto de ti. Queria abraçar-te e dizer que te adoro e que és uma pessoa espectular e que sem ti eu não sou, mas não consigo. Estás rezingão, e eu rezingona, perdida num mutismo que é meu, e que só eu conheço, numa zanga que é só minha, numa luta que travo com Deus, a perguntar-lhe porque é que não sou eu que estou no teu lugar. Não é justo.
Este natal vai ser mais triste porque eu te dou um pouco da minha alma, e tu magoas-me a alma inteira. E eu nem assim aprendo. E viras-me as costas, e surges do nada, novamente, pronto para mais uma investida, e eu vou outra vez. Numa amizade em que dar e receber não são os mesmos pratos da balança.
Este natal vai ser mais triste porque tu estás esquecido, e quase não me conheces. Tu. Eu que era a menina dos teus olhos. E agora, quase não sabes quem eu sou, ou o que faço.
Este natal vai ser mais triste, porque penso em tudo o que fiz e não o faria hoje. Em todas as escolhas que faria de uma forma diferente, oposta, contrária. Nas pessoas que teria amado mais, nas pessoas que não teria amado. Penso sobretudo nas coisas que não fiz, e no tempo que começa a passar demasiado depressa.
A vida teima em ensinar aquilo que não queremos aprender, daí que tenha a sensação que se repita em ciclos. Hoje choro a tua ausência, as vossas auências, a tua e a tua também.
Este natal vais ser mais triste, porque hoje, esta manhã fria, e por isso real, sinto que não sou quem me sonhei. Sinto que esta não é a vida que risquei para mim. E pergunto-me: o que fiz durante a minha vida?, como se recordarão de mim as pessoas após a minha morte?.
Bárbara de Sotto e Freire
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Natal 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
...
«Ser adulto é ser só.»
Jean Rostand
Bárbara de Sotto e Freire
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sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Viver de novo
«Se tivesse de viver de novo a minha vida, não procuraria ser tão perfeito. Relaxaria um pouco mais. Seria um pouco mais flexível. Não levaria tantas coisas a sério. Faria mais loucuras, não seria tão circunspecto, nem tão equilibrado. Aproveitaria mais as oportunidades, faria mais experiências, escalaria mais montanhas, nadaria em mais rios, contemplaria mais pores do sol, comeria mais gelados. Teria mais preocupações reais e menos imaginadas.
Eu fui um desses que vivem com um método e uma higiene absolutos, hora após hora, dia após dia. Um desses que não vão a lado nenhum sem um termómetro, uma camisola de lã, um produto para enxaguar a boca. Teria viajado mais leve. Faria mais excursões e brincaria mais com as crianças.»
Carta escrita por um homem de oitenta e cinco anos, na véspera da sua morte, dirigida aos seus netos.
«A vida é um banquete e a maioria dos malditos loucos morre de fome.»
Ele sabe que somos assim;Henrique Manuel
Bárbara de Sotto e Freire
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Liberdade
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Ás vezes
Ás vezes choramos sem razão. Ás vezes choramos com uma dor de alma profunda, como se a nossa alma só conhecesse um lado.
Ás vezes os dias correm mal.
Ás vezes sentimo-nos perdidos, sozinhos, nostálgicos.
Não suportamos ver ninguém, muito menos a nossa imagem no espelho.
Ás vezes não nos apercebemos do quanto as pessoas nos ferem, nos magoam, nos decepcionam. Quando muito, não nos damos conta, do quanto nos podemos decepcionar a nós mesmos.
Ás vezes os dias passam rápido.
Ás vezes não tomamos as decisões certas, no tempo devido.
Não amamos na mesma medida.
Ás vezes amamos tanto, que ficamos vazios.
Ás vezes sentimos que a nossa vida é feita apenas de despedidas, sem ter sido possível, alguma vez, gravar nos olhos da alma, os olhos de quem vai.
Ás vezes não gozamos o momento, não sorrimos genuinamente.
Ás vezes queremos mimo.
Ás vezes nem a carapaça da indiferença nos permite resistir aos mais afiados aguilhões.
Ás vezes é mais fácil enfiar a cabeça na areia, porque temos medo do desconhecido, temos medo de falhar. Falhar com os nossos sonhos e promessas de outrora. Ás vezes somos a nossa própria desilusão.
Ás vezes tornámo-nos os melhores. Ou os piores.
Ás vezes achamos que a vida só nos coloca obstáculos.
Ás vezes não somos suficientemente inocentes para acreditar na vida, e somos levianamente perspicazes levados a acreditar que alguém, um dia, nos poderá entender.
Bárbara de Sotto e Freire
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