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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Fundo do mar





«No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.»



Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I





Bárbara de Sotto e Freire

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Porque...

Tenho aquele magnífico postal na cómoda do meu quarto, e relembro-vos com saudade.

Saudade de dar volta a desistências, saudade de me sentir "frustada" com as mesmas. Saudade da boa disposição, do ânimo e do alento que é uma equipa atrás de telefones. Saudade de fazer rotas para os meus tecozinhos, e deles reclamarem. Saudade de uma jantarada, e da famosa vodka preta... ou água... Saudade de me chamarem princesa, Zázá, má, ou simplesmente BSF.

Porque há coisas que nunca se esquecem. Há coisas que nunca mudam...

«Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.»
Sophia de Mello Breyner Andresen
Bárbara de Sotto e Freire