sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Por cima da vida

«Deixou
Na berma da estrada
Um resto de tudo
Um rasto
De tudo o que era seu
E nada lhe dizia
Adeus
E nem olhou
Por cima do ombro
Por cima da vida
Por baixo dos sonhos
Que há muito as incertezas
Perdeu
Atrás de si só terra
Queimada pelo vício
De esperar muito mais de si
Atrás de si só um sinal
Que os homens lhe mostraram
"o mundo para ti termina aqui"
Em frente
Tanto mais é longo
O dia
Quanto mais for cega
A falta de paixão
Que se transforma em frio
E dor
Sonhar
Mesmo sem dormir
Mesmo sem ser noite
Mesmo sem ter dias
Mesmo sem sonhar
É como se outra vida
Vier
O coração só se nega
Quando o sonho se entrega
P´ra se desesperar
Por cada desespero um sonho
Por cada sonho uma vontade
De se ressuscitar
Voltou
Por cima de tudo
Desfraldando vida
Cavalgando o sonho
E na berma da estrada
Nem ele se lembra
De si»
Luís Represas
Bárbara de Sotto e Freire

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Grito de liberdade


«Mais do que a um país
Que a uma família ou geração
Mais do que a um passado
Que a uma história ou tradição
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Mais do que a um patrão
Que a uma rotina ou profissão
Mais do que a um partido
Que a uma equipa ou religião
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Vive selvagem
E para ti serás alguém
Nesta viagem
Quando alguém nasce, nasce selvagem
Não é de ninguém»
Resistência; Letra de Miguel Ângelo; Música de Fernando Cunha
In: "Palavras ao vento"


Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Aquilo que levamos

«Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa a sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada.»
Khalil Gibran
Bárbara de Sotto e Freire

Os meninos à volta da fogueira

«Com fios feitos de lágrimas passadas
Os meninos de Huambo fazem alegria
Constroem sonhos com os mais velhos de mãos dadas
E no céu descobrem estrelas de magia
Com os lábios de dizer nova poesia
Soletram as estrelas como letras
E vão juntando no céu como pedrinhas
Estrelas letras para fazer novas palavras
Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade
Com os sorrisos mais lindos do planalto
Fazem continhas engraçadas de somar
Somam beijos com flores e com suor
E subtraem manhã cedo por luar
Dividem a chuva miudinha pelo milho
Multiplicam o vento pelo mar
Soltam ao céu as estrelas já escritas
Constelações que brilham sempre sem parar
(...)
Palavras sempre novas, sempre novas
Palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo
Assim contentes à voltinha da fogueira
Juntam palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo»
Paulo de Carvalho; Letra e música de Rui Monteiro
In: "Desculpem qualquer coisinha", 1985
Bárbara de Sotto e Freire

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vive

«...O bom mesmo é
ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe e
vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve,
e a vida é "muito" para ser insignificante.»
Charles Chaplin
Bárbara de Sotto e Freire

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Feiticeira

«De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada
De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado
De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido
De que fontes de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que norte de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida.»
Luís Represas
Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Sonhos

«Só uma coisa torna o sonho impossível: o medo de fracassar.»
O alquimista - Paulo Coelho
Bárbara de Sotto e Freire