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domingo, 11 de outubro de 2009

Tudo isto é fado

«Perguntaste-me outro dia
Se eu sabia o que era o fado
Eu disse que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
E disse que não sabia
Mas vou-te dizer agora
Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor, ciúme
Cinzas e lume
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado
Se queres ser o meu senhor
E teres-me sempre a teu lado
Não me fales só de amor
Fala-me também do fado
A canção que é meu castigo
Só nasceu pra me perder
O fado é tudo o que eu digo
Mais o que eu não sei dizer.»
Tudo isto é fado
Letra de Aníbal Nazaré e F. Carvalho
Bárbara de Sotto e Freire

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Mulher do leme!

«Sozinho na noite
um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
ofusca as demais.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir
nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo do mar
jazem os outros, os que lá ficaram.
Em dias cinzentos
descanso eterno lá encontraram.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

(...)No fundo horizonte
sopra o murmúrio para onde vai.
No fundo do tempo
foge o futuro, é tarde demais...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...»
Homem do leme
Xutos e pontapés
Bárbara de Sotto e Freire

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Momento final

«Sentado...e a árvore ali ao pé de mim....
O vento agora já nem vem aqui!!!
Deixei de ter com quem falar
Fiquei sozinho com o meu olhar...
Do longe se faz em mais perto....
Sentindo e o tempo for incerto...
Ouvindo sons que só eu sei pensar....
Sorrindo parto para outro lugar..
O meu momento final eu sei que tenho um lugar
onde o santo e pecador podem vir descansar...
No meu momento final eu sei que tenho um lugar
onde o santo e pecador podem vir descansar!!...»
Momento final
Santos e pecadores


Bárbara de Sotto e Freire

sexta-feira, 26 de junho de 2009

The king of pop - Forever

«O meu irmão, o rei lendário da pop Michael Jackson, morreu quinta-feira, 25 de Junho de 2009, às 14h26 [hora local].»
Jermaine Jackson
Morreu Michael Jackson (MJ), o Rei da música Pop.
Foi em Los Angeles que MJ terá sofrido uma paragem cardíaca, e apesar de uma hora de tentativas de reanimação o rei da música Pop acabou por falecer. O corpo será sujeito a autópsia, por forma a apurar a causa desta morte inesperada.
Michael Joseph Jackson nasceu em 1958 no estado norte-americano do Indiana, e era o sétimo de nove filhos. Foi com apenas 5 anos que MJ se estreou naquele que viria a ser o seu mundo, o da música, com os seus irmãos, na banda Jackson Five, onde revelou um talento inato para a música. Iniciou carreira a solo em 1979 com o álbum “Off the Wall”, mas foi o seu disco Thriller, editado em 1982, que o celebrizou como o Rei da Pop: tornou-se o álbum mais vendido de sempre (mais de 100 milhões de cópias vendidas). Michael Jackson foi por duas vezes reconhecido no “Rock’n Roll Hall of Fame” e venceu 13 Grammys.
«A música de Michael Jackson marcou de forma indelével os anos 80 e influenciou toda uma geração de músicos e os vídeos que acompanharam os seus sucessos transformaram a indústria, abrindo a porta ao sucesso dos canais televisivos musicais como a MTV.»
Tão genial quanto a sua música, foi a especulação que ao longo dos anos se criou em torno da sua vida pessoal.
A sua transformação física, e as várias cirurgias plásticas a que se submeteu eram fonte de permanente observação. Em 2005 recaíram sobre si suspeitas de abuso de um menor, um mediático processo no qual foi absolvido.
Casou com Lisa-Marie Presley, e posteriormente com Deborah Rowe, com quem teve dois filhos. A mãe do seu terceiro filho não tem identidade conhecida.
A sua obsessão por Peter Pan era outra das suas excentricidades. Morou num rancho que designou “Neverland”.
Para lá de especulações e excentricidades desenvolveu também um importante trabalho humanitário, sendo o responsável pelo single “We Are The World”, de ajuda a África.

«Tão espectacular como o seu fulgurante sucesso foi o seu colapso: há doze anos que Jackson se mantinha afastado dos palcos.» De facto o público que constrói uma estrela, é o mesmo que a destrói. Qualquer mente genial e revolucionária não é entendida na sua totalidade, e é mais fácil apontar-lhe os defeitos, do que fazê-la brilhar.
MJ tinha agendado 50 concertos em Londres, a terem início a 13 de Julho, cujos bilhetes esgotaram poucas horas depois de serem anunciados. Fontes de imprensa norte-americana noticiaram que esses espectáculos “seriam uma espécie de pontapé de saída para uma tournée mundial de três anos e um novo álbum de originais”. Informam também que MJ tinha planos para transformar o seu álbum “Thriller” numa espécie de musical para casino, a apresentar em Las Vegas e Macau.
A morte do inigualável MJ foi um choque; amigos, colegas e figuras públicas demonstraram a sua consternação perante a morte do mítico MJ, particularmente a comunidade afro-americana que via em MJ um símbolo de prosperidade, talento e brilho.
“O mundo nunca deixará de escutar Michael Jackson”
Al Sharpton

Discografia a solo:
1972 - Got to Be There
1972 – Ben
1973 - Music and Me
1975 - Forever, Michael
1979 - Off The Wall
1982 – Thriller
1987 – Bad
1991 - Dangerous
1995 - HIStory - Past, Present, And Future, Book I
1997 - Blood On The Dance Floor - History In The Mix
2001 - Invincible
2003 – Number Ones

Fontes:
*http://www.destak.pt/artigos.php?art=33586
*http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=93&did=60616
*http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1388807&idCanal=42
Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 21 de junho de 2009

A luta pelo meu, nosso, Planeta

«Olhos bem abertos, percorro a paisagem
E guardo o que vejo, para sempre, uma clara imagem
Um manto imenso de água, um pingo move o mundo,
Corrente forte exacta, de um azul quase profundo,
Um sopro de ar, faz girar, o mundo melhor,
Raio de sol, luz maior, para partilhar,
O espelho nunca mente, fiel como ninguém,
Faz da vida, paixão energia, que toca sempre mais
alguém
Vai, espelho de água, trata e guarda, o que é nosso afinal,
Em nós, vive a arte, de ser parte, de um mundo melhor,
Eu sei, que gestos banais, parecem pouco, mas talvez sejam fundamentais,
Vai, espelho de água, trata e guarda, o que é nosso afinal,
Em nós, vive a arte, de ser parte, de um mundo melhor,
Vai, espelho de água, trata e guarda, o que é nosso afinal,
Em nós,vive a arte, de ser parte, de um mundo melhor, vai.»
Paulo Gonzo
Espelho de Água
Letra retirada de:
Bárbara de Sotto e Freire

quarta-feira, 3 de junho de 2009

(No fio dos anos) Sempre a correr

«Algo que aconteça
De tragicamente grande
Por que valha a pena
Deixar correr o sangue.
Algum desígnio épico
Enorme e emotivo
A rasgar o
Céu aberto
A queimar no
Sol a pino.
Assim uma tempestade
Que cresce no horizonte
Negro mar imenso
Tocado pelo vento forte.
Que faço eu aqui
Se não mudar o mundo
O mal tem raiz
E a cura tem um rumo.
Tanto fizemos
De puro prazer
No fio dos anos
Sempre a correr.
E sempre a correr
Passámos pelos dias
Procurando viver
O que a vida nos destina.»
(No fio dos anos) Sempre a correr
UHF
Bárbara de Sotto e Freire

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Paciência

«Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para...
E quando o tempo acelera e pede pressa
Eu recuso faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara...
E quando todo o mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo que me falta para perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber, a vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, eu sei
A vida não para...
A vida não para não!
Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo p'ra perder
E quem quer saber, a vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, eu sei
A vida não para
A vida não para não!»
Paciência
Mafalda Veiga
Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 19 de maio de 2009

I believe I can fly

«I used to think that I could not go on
And life was nothing but an awful song
But now I know the meaning of true love
I'm leaning on the everlasting arms
If I can see it then I can do it
If I just believe it there's nothing to it
I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I think about it every night and day
Spread my wings and fly away
I believe I can soar
I see me running through that open door
I believe I can fly
I believe I can fly
I believe I can fly
See I was on the verge of breaking down
Sometimes silence can seem so loud
There are miracles in life I must achieve
But first I know it starts inside of me,If I can see it Then I can do it
If I just believe it there's nothing to it
I believe I can fly
Bárbara de Sotto e Freire

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Canção da chuva

«Por essa chuva a cair lá fora
Por essa luz que já enche o ar
Por essa noite que se demora
E não quer passar
Por essa voz a chamar no escuro
Pela canção que vem do mar
Pelas palavras que não procuro
Nem quero achar
Por quem se aproxima sem ruído
De mansinho
E deixa ao passar
No ar um silêncio, nos sentidos
Como um vinho
Que me faz lembrar
Antigos cantos proíbidos
De se cantar
Por quem, no meu corpo
Os mistérios
Mais escondidos
Teima em acordar
Há teima em acordar
Por esses dias que me fugiram
Por entre os dedos sem se deter
Como essa chuva a cair na rua sombria e nua
Sem eu saber
Talvez só por estarmos sós
Esta noite em nós
Insista em nos levar, p'lo ar, p'lo ar
P'lo ar...»
Canção da Chuva
Adelaide Ferreira; Composição: Pedro Malaquias
Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 12 de maio de 2009

Balada dum estranho

«Hoje acordaste de uma forma diferente dos outros dias
sentes-te estranho tens as mãos húmidas e frias
tentas lembrar-te de algum pesadelo mas o esforço é em vão
parece-te ouvir passos dentro de casa mas não sabes de quem são

Deixas o quarto e vais a sala espreitar atrás do sofá
mas aí tu já suspeitas que os fantasmas não estão la
vais a janela e ao olhares pra fora sentes que perdeste o teu centro
e de repente descobres que chegou a hora de olhares para dentro

Porque há qualquer coisa que não bate certo
qualquer coisa que deixaste para trás em aberto
qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu
e não podes deixar de sentir que o culpado és tu

Vês o teu nome escrito num envelope que rasgas nervosamente
tu já tinhas lido essa carta antecipadamente
e os teus olhos ignoram as letras e fixam as entrelinhas
e exclamas: Mas afinal... estas palavras são minhas!"

O caminho pra trás está vedado e tens um muro a tua frente
quando olhas pros lados vês a mobília indiferente
e abandonas essa casa onde sentiste o chão a fugir
arquitectas outra morada, mas sabes que estas a mentir.»

Balada dum estranho
Jorge Palma
Bárbara de Sotto e Freire

segunda-feira, 11 de maio de 2009

We are the world

«There comes a time when we hear a certain call
When the world must come together as one
There are people dying
And it's time to lend a hand to life
The greatest gift of all
We can't go on pretending day by day
That someone, somewhere will soon make a change
We are all part of God's great big family
And the truth, you know, love is all we need
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me
Send them your heart
So they'll know that someone cares
And their lives will be stronger and free
As God has shown us by turning stones to bread
And so we all must lend a helping hand
When you're down and out, there seems no hope at all
But if you just believe there's no way we can fall
Well, well, well, well let us realize that a change can only come
When we
stand together as one
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving
There's a choice we're making
We're saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me
Theres a choice were making
Were saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me»

Stevie Wonder
We are the world


Bárbara de Sotto e Freire

Imagine

«Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today
Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
You may say,I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world
You may say,I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one»
Imagine
John Lennon
Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 10 de maio de 2009

Deixa-te ficar na minha casa

«Tenho livros e papéis espalhados pelo chão.
A poeira duma vida deve ter algum sentido:
Uma pista, um sinal de qualquer recordação,
Uma frase onde te encontre e me deixe comovido.
Guardo na palma da mão o calor dos objectos
Com as datas e locais, por que brincas, por que ris
E depois o arrepio, a memória dos afectos
Mmmmmm Que me deixa mais feliz.
Deixa-te ficar na minha casa.
Há janelas que tu não abriste.
O luar espera por ti
Quando for a maré vasa.
E ainda tens que me dizer
Porque é que nunca partiste...
Está na mesma esse jardim com vista sobre a cidade
Onde fazia de conta que escapava do presente,
Qualquer coisa que ficou que é da nossa eternidade.
Mmmmmmm Afinal, eternamente.
Deixa-te ficar na minha casa.
Há janelas que tu não abriste.
Deixa-te ficar na minha casa.
Há janelas que tu não abriste.
O luar espera por ti
Quando for a maré vasa.
E ainda tens que me dizer
Porque é que nunca partiste...»
Deixa-te ficar na minha casa
Filarmónica Gil; Composição: João Gil
Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 9 de maio de 2009

...

«Recebi o teu bilhete
para ir ter ao jardim
a tua caixa de segredos
queres abri-la para mim
e tu nao vais fraquejar
ninguém vai saber de nada
juro nao me vou gabar
a minha boca é sagrada
Estar mesmo atrás de ti
ver-te da minha carteira
sei de cor o teu cabelo
sei o shampoo a que cheira
já não como, já não durmo
e eu caia se te minto
haverá gente informada
se é amor isto que sinto
Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais é o que nos une
que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro
foi tão fugaz que nem deu
para ver como era o fogo
que a tua boca prometeu
pensava que a tua língua
sabia a flôr do jasmim
sabe a chicla de mentol
e eu gosto dela assim
Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais é o que nos une
que aquilo que nos separa»
Primeiro beijo, de Rui Veloso
Bárbara de Sotto e Freire

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Quando as nuvens chorarem

«Não chores
se o tempo não ri
Ficarei a teu lado
Esperando por ti
Perdidos na noite
Unidos na sorte
e na dor
Guardando as palavras
Que temos pensadas
de amor
Quando as nuvens chorarem
E as águas secarem
Teus olhos sem fim
Partirei nessa hora
Chovendo lá fora
Por dentro de mim
Contigo
Consigo
Chegar
E partir na magia
De um dia voltar
Não tenho o direito
De ter o que aceito
E não dou
Em troca de tanto
Entre nós o encanto
Ficou»
Carlos Paião
Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 26 de abril de 2009

Canção de alterne

"Pára de chorar
E dizer que nunca mais vais ser feliz
Não há ninguém a conspirar
Para fazer destinos
Negros de raiz
Pára de chorar
Não ligues a quem diz
Que há nos astros o poder
De marcar alguém
Só por prazer
Por isso pára de chorar
Carrega no batom
Abusa do verniz
Põe os pontos nos Is
Nem Deus tem o dom
De escolher quem vai ser feliz
Pára de sorrir
E exibir a tua felicidade
Só por leviandade
Se pode sorrir assim
Num estado de graça
Que até ofende quem passa
Como se não haja queda
No Universo
E a vida seja moeda
Sem reverso
Por isso pára de sorrir
Não abuses dessa hora
Ela pode atrair
O ciúme e a inveja
Tu não perdes pela demora
E a seguir tudo se evapora"
"Canção de alterne"
Rui Veloso
Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 25 de abril de 2009

Com uma arma, com uma flor

"Nasci num país de silêncio e luta
E cresci rasteiro
(meu pão era curto)
Não vendi a esperança
Nem pedi meu preço
De tudo o que vi
Nunca mais me esqueço
Fui vivendo à força
De suor e fome
Vi levar amigos
Do meu mesmo nome
Nas balas da sorte
Tive a minha escola
Aprendi a vida na morte
Em angola
Numa lua cheia
Saltei a fogueira
Numa lua nova
Saltei a fronteira
Sofri um país
Calei a razão
Vendi minha pele em frança
Por pão
Calaram-me a boca
Cortaram-me o riso
Mas estava de pé
Quando foi preciso
Em abril, abril
Em abril-sem-medo
Vesti minha farda
Fardado em segredo
Em abril, abril
Em abril-sem-medo
Da raiva e na dor
Do suor sem terra
Deste dó maior
Do lucro e da guerra
Das armas em flor
Nasceram razões
Nasceram braços
Nasceram canções
Nasceram bandeiras
Da cor deste sangue
Que temos nas veias
Que temos na carne
Nasceu meu país
Meu país criança
Em abril, abril
Tempo de mudança
Meu povo, raiz,
Dum cravo de esperança."

Paulo de Carvalho; Composição de José Niza
Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 14 de abril de 2009

Porto (muito) sentido

"Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
d'um rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa"
Porto sentido
Carlos Tê, Rui Veloso
Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 7 de abril de 2009

Há dias assim

"Há dias
Em que não cabes na pele
Com que andas
Parece comprada em segunda mão
Um pouco curta nas mangas
Há dias
Em que cada passo e mais um
Castigo de Deus
Parece
Que os sapatos que vês
Enfiados nos pés
Nem sequer são os teus
À noite voltas a casa
Ao porto seguro
E p'ra sarar mais esta corrida
Vais lamber a ferida
Para o canto mais escuro
Já vi
Há dias em que tu
não cabes em ti
Avança
Na cara desse torpor
Que te perde e te seduz
A espada como a um
Matador
Com o gesto maior
Do seu peito
Andaluz
Avança
Com a raiva que sentes
Quando rangem os dentes
Ao peso da cruz
Enfim,
Há dias em que eu
Também estou assim
Parece que pagamos os
Pecados deste mundo
Amarrados aos remos de um
Barco que está no fundo."
Composição: Manuel Paulo, João Monge
Ala dos namorados
Bárbara de Sotto e Freire

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Manual da sobrevivência - I

"Também eu já
Senti não haver
Lugar ou espaço
Esperança para ter...
Também eu sei
Da raiva a nascer
Por tantos gritos
Ter que conter...
Mas sei também que fora de nós
Não há salvação
Resta-nos então
Dar asas ao que se inventa
Finge, esquece, engana o desencanto
Brinda, por ti, por hoje e por enquanto
Finge, esquece, engana o desencanto
Brinda, por ti...
Também eu já
Estive sozinha
Entre tanto fel
Erva daninha
(...)
Brinda, por ti..."
Manual da sobrevivência
Susana Félix
Bárbara de Sotto e Freire