quarta-feira, 28 de julho de 2010

Para ti!

Este post é para ti. Sim, para ti. Não hesites quando o leres. Sabes exactamente quem és!
Poderia dizer que ás vezes a saudade me faz "bater mal", e quando falo de vocês me vem uma lagrimazita ao olho. É inevitável.
Sabes que poderia apontar muitos motivos para dizer porque é que aquela casa me marcou tanto.
Poderia dizer que foi pelo facto de ter sido o meu primeiro emprego. Talvez.
Mas diria antes que foi pelas pessoas com quem trabalhei no meu primeiro emprego. Pelas pessoas que me ensinaram a vender, pelas pessoas que me disseram que a produtividade não era eu mas um grupo, uma equipa. Pelas pessoas que poderiam parecer frias quando tinham de dispensar um elemento, mas que vinham cá fora fumar antes e depois de o fazer, para afastar os nervos, a tristeza, o stress, e a posição (ingrata) que eram obrigadas a tomar. Foi pelas pessoas com quem eu trabalhei que eu entrava mais cedo e saía mais tarde, independentemente do cansaço, independentemente do sucesso ou do insucesso daquele dia. Foi pelas pessoas daquela casa, que eu aprendi a dizer "sou campeã", "Oh meu Deus que sois tão bom", ou a adaptar a célebre música das doce.
Mas também foi por mim, por me sentir feliz, acolhida, bem sucedida, que eu fiz tudo. Sei que estou a ser egoísta, mas também foi por mim. Porque enquanto eu estava ali, a falar com clientes, com os meus tecos, a fazer n campanhas, era eu própria, percebes?
Lembras-te dos livros que me emprestavas e que eu lia avidamente? Das nossas conversas sobre Vargas Llosa, sobre Fernando Pessoa, sobre as vinhas do Douro, sobre tudo o que há para falar, para ouvir e escutar? Lembras-te dos nossos cafés, e dos nossos cigarrinhos ao fim da tarde, antes do turno das 18h?
Eu lembro-me de tudo. Tudo ficou impresso na minha alma, de modo que ainda hoje, diariamente eu vos lembro, e quase vos venero. E quando me aparecem aqueles clientes menos simpáticos eu lembro-me de ouvir "atitude gera atitude", e quando tenho trabalho e mais trabalho e mais trabalho lembro-me de ouvir "há tarefas urgentes e importantes", e quando tenho casos bicudos e quero vender, lembro-me do SCRIPT, e do "não pressiones, impressiona", e lembro-me de ti a "calçares os sapatos do cliente", falando de vinhos e de pratos típicos, e de tudo e mais alguma coisa! E quando tudo parecia perdido lá vinha a reza e a reza trazia sapiência. E ao fim do dia perguntavam-me "quantos conseguimos?" e eu era uma princesa feliz.
Tudo me foi generosamente oferecido, e foi preciosamente guardado
Tenho em vocês um tesouro, em ti uma amiga.
E em dias árduos, em que as personalidades chocam, e as rivalidades se cruzam, tenho em vocês a força e a coragem para respirar fundo e lembrar-me do quanto me faria bem uma vodka preta com limão.
Por falar nisso estou a dever-te uma; quando marcamos?
Um abraço em nome da lucidez que me transmitem, e da saudade que me mantém viva, por saber que a vodka está para breve.
Bárbara de Sotto e Freire
P.S.: As citações deste post são todas elas de vendedores de excelência do call center Ferreira Dias. Cabe-me a honra de dizer que trabalhei com todos eles.

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