domingo, 26 de outubro de 2008

Ponto de situação - Lisboa III


A vida é feita de momentos. De idas e de regressos. De despedidas e de (re)encontros.
O cheiro é-me familiar, anestesiante. É o cheiro da minha terra. Tem um não-sei-quê de aldeia, de chuva sobre terra queimada, de comida caseira... Lá é de um metalizado estranho, que a cada semana que passa, se torna mais familiar e convidativo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Quando lá chego a minha postura (apenas a exterior) torna-se mais serena, como que tentando manter a calma no meio do caos. Lisboa tem uma luz que jamais vou esquecer. A cultura vive ao dobrar da esquina. [Não que aqui no Norte esta não exista, mas porque estou no cidade diferente estou mais atenta à novidade]. Há uma energia enebriante, que nos contagia... Tem lojas, que são as mesmas da minha cidade, mas só por estarem lá, numa cidade diferente, parecem também elas, ter um brilho especial.
A Lisboa falta-lhe o mar, a minha praia, onde retempero as minhas energias, onde penso sem pensar, onde choro e rio. Onde me perco e me encontro.
De Lisboa trago a ideia de que é uma cidade aberta, luminosa e bela. É uma cidade frenética que não pára. Trago a ideia que o poder de compra talvez seja maior, as pessoas mais optimistas, e talvez por isso tenham outra forma de estar, e de ver, a vida. Não sabem conduzir, são um bocadinho mais frios, e têm uma pronúncia estranha. Cá no norte come-se uma comida mais saborosa, por um menor preço. As pessoas são mais calorosas, e quando perguntamos as horas dizem "é uma menos um quarto", e não "são quinze para as treuuuuze"(!!!!).
Sou sincera: de Lisboa trago boas recordações. Trago aprendizagem, e lições de vida. Trago saudades. Como se a minha vida fosse feita de permanentes despedidas. Aquilo que sinto é nostalgia, por não pertencer a lugar nenhum. Como se fosse cidadã estranha, estrangeira de mim própria. De quem gosto, apenas digo "até sempre", porque esses sempre os levarei comigo, para onde quer que vá. Porque a vida é feita de momentos...

Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 25 de outubro de 2008

Não é preciso

«Não é preciso assobio
para estar só,
para viver a escuras.
Em plena multidão, em pleno céu,
nós nos lembramos de quem nós éramos,
ao íntimo, ao desnudo,
ao único que sabe como crescem suas unhas,
que sabe como se faz seu silêncio
e suas pobres palavras.
Há Pedro para todos,
luzes, satisfatórias Berenices,
mas, para dentro,
por debaixo da idade e vestimenta,
ainda não temos nome,
somos de outra maneira.
Não só para dormir os olhos se fecharam
mas sim para não ver o mesmo céu.
Nós cansamos de súbito
e como se tocassem no campanário
para entrar ao colégio,
regressamos à pétala escondida,
para o osso, para a raiz semi-secreta,
e ali, súbito, somos,
somos aquele puro e não lembrado,
somos o verdadeiro
entre os quatro muros de nossa única pele,
entre as duas espadas de viver e de morrer.»

Pablo Neruda
Bárbara de Sotto e Freire

Slow is cool!

Estamos na era da reciclagem, da ecologia, do movimento slow, do free, do verde.

Sou apologista.

Por vários motivos: por nós, pela nossa descendência e pelo futuro do nosso planeta. Pelo bem-estar, pelo brio global, pela forma como todos estes pequenos gestos permitem, de forma embora inusitada, unir a comunidade.

Para quem gosta de "keybags", vulgo carteiras, há agora uma séria de alternativas ecológicas. Basta consultar o site www.joaosabino.com e aí encontramos uma mala feita a partir das teclas de um computador, com um toque de irreverência, sem abdicar de um design clássico. Já no site www.solarjo.com encontramos uma mala que capta os raios solares...

Mas se dermos asas à imaginação transformamos banheiras e carrinhos de supermercado em sofás. É uma das várias ideias que podemos encontrar no site

www.reestore.com.

Mas como não podemos prescindir de tecnologia, nem mesmo de energia, para sabermos a melhor forma de poupar, ou pelo menos o quanto gastamos, podemos consultar o site

www.byebyestandy.com e, assustar-nos com o gasto de energia, muitas vezes desnecessário, que fazemos.

Depois de tudo isto, só mesmo ir de férias. Se possível ecológicas... Há antigas prisões cujo design foi mantido, mas foram transformadas em hotéis de cinco estrelas. As cidades de Boston e Estocolmo já têm estes hotéis de luxo reciclados...

"A Natureza é inexorável, e vingar-se-á completamente de uma violação das suas leis."
Gandhi.
Bárbara de Sotto e Freire
Observação: Post publicado com base em artigos da revista Activa do mês de Novembro.

domingo, 19 de outubro de 2008

Conselhos sábios...

"Jamais deixe que as dúvidas paralisem as suas acções. Tome sempre todas as decisões que precisar de tomar, mesmo sem ter a segurança de estar a decidir correctamente."

Brida - Paulo Coelho

Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 18 de outubro de 2008

A mudança...

"É preciso correr riscos, seguir certos caminhos, e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo."
Brida - Paulo Coelho
Bárbara de Sotto e Freire

Ponto de situação - Lisboa II

Depois de duas semanas de formação sinto-me... bem, não sei, com muitas saudades do pessoal do OH, de quem me lembro cada vez com mais frequência, mas também entusiasmada, porque é uma área que gosto, e simultaneamente estafada, porque Lisboa tem um ritmo frenético que Argoncilhe City não tem...
Comecei a formação técnica, que já decorre há sete dias. Há sete dias que tenho testes diários. Esta vida não é fácil!
As viagens para Lisboa são feitas com muita nostalgia, e as viagens para o Porto são feitas com muito nervosismo... Esta semana foi muito dura, em termos emocionais, e em termos profissionais. Não houve um único dia em que não me lembrasse da Di, do Rogério, do Ricardo, do Bruno, da Rosa, do Miguel, do Sérgio, da Verónica, do Vitor, da Inês, da Caúdia, do Nuno, da equipa de fup, dos meus tecozinhos, do Tiago, enfim, de todos... Podem não acreditar, mas são pequenos nadas que trazem as recordações. São vozes, são um relógio sa Swacth que a Verónica e a Di têm de semelhante, são as t-shirts do Ricardo, é o cabelo do Bruno que parece que vi em não sem quem, é o telemóvel de não sem quem que é parecido ao do Rogério, é a maneira de rir de uma desconhecida que me faz lembrar a Rosa, são os concelhos sábios do Miguel dos quais eu me lembro tantas vezes, bem é uma infinidade de coisas.
Ainda ontem vinha no comboio, e me vinha a lembrar de tudo isto... É facto que durante todo o tempo que estive com a equipa OH, aprendi, cresci, e fui muito acarinhada. Isso ninguém me tira. Para onde for, para onde a vida me levar, vocês vão comigo, num lugar muito especial do meu coração. Mas esta separação está a ser muito dificil para mim. Sabem quando uma pessoa está a tentar mostar-se forte, mas na verdade apetece chorar?! Pareço um vulcão por dentro, a transbordar de emoções... sabe-se lá como vai esta logistica (onde é que eu já ouvi esta palavra?!) emocional...
Adiante.

Mais uma semana e várias viagens de táxi bastante loucas... Quanto à formação, como disse, foi bastante intenso e intensivo. Mas estamos a conseguir equilibrar uma boa capacidade de trabalho, com um bom espirito de equipa. Temos pessoas de Lisboa, das Caldas da Rainha, de São Martinho do Porto, de Mangualde, do Marco de Canaveses e de Vila Nova de Gaia. Mas a personagem cómica é mesmo o alentejano. Aquela pronúncia aliada ao facto de ser "mebocainodependente" faz-me rir. Acho que vou trazer muitas histórias de Lisboa para contar, mas estas só com pronúncia. Alentejana, claro!

Dizia-nos o taxista, na sexta feira: "a vida é feita de encontros e desencontros, temos de aproveitar as boas pessoas que encontrá-mos na nossa vida".

Bárbara de Sotto e Freire

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Ponto de situação - Lisboa I

Á chegada Lisboa pareceu-me uma cidade luminosa. Eram 10h30 da manhã e lá desci eu do comboio, pendular, já agora, com um frio na barriga que parecia não ter fim. Apanhei o táxi, e tive a viagem mais alucinante da minha vida. Primeiro ensinamento: o trânsito em Lisboa é caótico, os carros atravesssam-se por tudo quanto é lado, dão o pisca e já viraram, os radares não são respeitados. Depois da tal viagem em que vi a a minha vida em perigo, cheguei a Alfragide. Malas de rodinhas, e Centro comercial Alegro para explorar. Mas vinha tão cansada, tão nervosa, e já com tantas saudades do norte, e do OH, que fui tomar um café. Sim, a minha outra aventura começou aí. A pronúncia do norte! Não é café é bica, não é frigideira é sertã, não é rabo mas tarro (!), não é prego mas bitoque, enfim... Os lisboetas ficam a olhar para nós e nós a olhar para eles como se estivessemos a falar uma lingua diferente... Mas é muito engraçado, porque dizem que as mulheres do norte têm pulso, são simpáticos mantendo a distância, e de uma maneira diferente do "querida" e "amorzinho" do Porto.
Depois de almoço, lá fui ter ao ponto de encontro, e tive a primeira tarde de formação. Somos um grupo muito heterogéneo, com muitas mulheres e apenas dois homens, e a primeira impressão que tive foi que isto ia ser uma verdadeira aventura... Uma tarde que parecia ser leve, mas em que foi passada muita informação, com um formador do norte, claro!
Malas para o autocarro e um motorista simpático que nos passeou um pouco por Lisboa. Estádio da Luz - o magnifico, estrondoso e maravilhoso estádio da Luz! (Ah Sérgio, como me lembrei de ti!!! - isto é só para fazer inveja). Chegadas ao hotel, fomos procurar local para jantar, e depois foi mesmo dormir (não, não há mesmo nada de Docas, nem de vodka preta com limão).
Ao segundo dia começou a sério. Começamos a formação em técnicas de venda, com uma formadora muito dinâmica. Bem quando foi citado o exemplo do preço qualidade e é citado um supermercado da concorrência (aquele em que os sacos se pagam e toca uma campainha quando há muitos clientes na fila para a caixa) os meus olhos brilharam e eu quase saltei da cadeira - sim, porque o meu Vitor (salvo seja!) deu um exemplo espectacular... Dia intenso em que aprendi muito, reforcei muitos aspectos de venda, aprendi novas prespectivas sobre conceitos apreendidos, conheci um pouco melhor as colegas... ao fim do dia, fomos à gare do Oriente comprar os bilhetes de regresso ao Norte, e passamos pelo estádio do Sporting... O do Benfica é muito mais bonito e e imponente, desculpem lá! Jantar, net, televisão, e dormir.
Terceiro dia: Bem, a sensação que tenho é que vender é uma arte muito complexa, em que é necessária aprendizagem constante. Aprendi muito na formação, mas tenho consciência que ainda há um longo caminho a percorrer.
A meio da semana o cansaço já pesa, as saudades do pessoal do norte ainda pesam mais, e lembro-me muito do OH... Já cheguei ao hotel, no Campo Grande, vou jantar e preparar-me para o módulo que se segue, que esse sim, é bem mais doloroso e exigente - vou dormir.
A única sensação que tenho e que na vida temos de arriscar, sem ferir. Temos de viver intensamente. As pessoas são demasiado belas para não serem amadas.
É uma tarefa muito dificil...
Bárbara de Sotto e Freire

domingo, 5 de outubro de 2008

Saudade

Gostaria de vos dizer muita coisa, mas vou tentar organizar as ideias e ser breve (sim, porque são 00:00, e amnhã ás 6:00 estou de partida).
Bem, na última semana não fui de todo uma reacção em equilibrio. Acho que nesta última semana envelheci, reflecti, ponderei, e de tudo isso restam-me dúvidas, medos, insegurança, receio, saudade, nostalgia, desespero, cansaço...
Quando há mais de uma ano atrás ingressei no OH confesso que para mim tudo era uma grande incógnita, como neste momento é a porta que se abre para mim. Não esperava nem muito nem pouco. Mas há medida que os dias, que se tornaram meses, foram passando, e há medida que me fui apegando ás pessoas, o OH passou a ser a minha familia, o call center a minha segunda casa, e os clientes o meu dia-a-dia, cada um uma novidade.
Muitas vezes me senti impotente perante as desistências. Porquê? Porque questionava o meu trabalho, porque o vendedor perdia uma venda, porque o OH não ganhava um cliente.
Há medida que o call center cresceu, e os projectos foram surgindo, senti-me acolhida, acarinhada, envolvida, absorvida.
Tentei sempre "beber" todos os ensinamentos de todos. Tentava todos os dias aprender algo novo, li algumas coisas sobre vendas... porque gostava realmente daquilo que fazia, onde o fazia, com quem o fazia.
Quando há uma semana atrás recebi uma chamada para uma entrevista, nunca pensei na reviravolta que tudo isto traria. Desde a tomada de decisão, a comunicá-la, senti-me vazia, perdida, angustiada. Mesmo depois de o fazer, até agora ainda me sinto assim.Sabem a solidão intrinseca ao ser humano, a solidão de nós mesmos, o confronto com o nosso espelho interior?!...
Bem, mas isto não é o confessionário.
Jamais esquecerei tudo o que fizeram por mim, as oportunidades que me deram, a força de vontade que me incutiram, aquilo que me ensinaram, das vendas e da vida. Com vocês cresci enquanto pessoa e enquanto profissional.
Jamais me esquecerei da salva de palmas que me bateram ás 22h00 do dia 03 de Outubro de 2008, da surpresa, do postal, e do presente. Mas mais que isso, jamais me esquecerei de vocês, porque só somos esquecidos quando morremos no coração daqueles que nos amam, pelo que para mim, permanecerão sempre muito presentes, muito vivos. Marcaram-me muito, sempre, mas sempre, pela positiva.
Relativamente ao OH, é um serviço que entendo ter todas as potencialidades para progredir, sobretudo com uma campanha como o Tec. Uma campanha que activa o telefone na hora, uma serviço personalizado, um projecto a que nada falta para brilhar ainda mais. Se muitas vezes não vendemos OH, acendemos rastilhos, porque apesar das pessoas não mudarem para a nossa operadora, vão à actual reclamar os seus direitos, dizer que há quem faça melhor... Muitas vezes não vendemos OH, mas pessoas que nunca ouviram falar no nosso serviço ficam a conhecê-lo e passam a palavra...
Vender não é, de todo, uma tarefa fácil. É uma função que implica preserverança, atitude, persitência, coragem, energia, vitalidade, conhecimento, e "não pressionar, mas impressionar". É preciso sentir-se vencedor. E sei que todos vocês o são. Vencedores.
A poucas horas de partir, apenas me resta dizer que vos adoro, que vos respeito e admiro. Apenas tive pena de não poder dar um abraço à Susana, à Diamantina, ao Ricardo e ao Bruno, e também à Verónia de quem acabei por não me despedir...
A todos vocês, desde Optimus, coordenadores, chefes de equipa, follow-up, e vendedores, (ah...) e também aos responsáveis pela informática (Bruno agora não me esqueci do informático!!!),apenas vos tenho a dizer:
"Tudo vale a pena se a alma não é pequena. O que não valerá a vida a uma alma grande."

Até sempre,

Sempre Optimus, com o Optimus Home

Bárbara de Sotto e Freire

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Estado de alma

Destruimos sempre aquilo que mais amámos

em campo aberto, ou numa emboscada;
alguns com a leveza do carinho;
outros com a dureza da palavra;
os covardes destroem com um beijo;
os valentes destroem com a espada.


Oscar Wilde


Bárbara de Sotto e Freire

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

...A mudança do Guerreiro...

«O Guerreiro da Luz contempla as duas colunas que estão ao lado da porta que pretende abrir.
Uma chama-se Medo, outra chama-se Desejo.
O Guerreiro olha para a coluna do Medo, e ali está escrito: "tu vais entrar num mundo desconhecido e perigoso..."
O Guerreiro olha para a coluna do Desejo, e ali está escrito: " tu vais sair de úm mundo conhecido, onde estão guardadas as coisas que sempre quiseste, e pelas quais lutaste tanto".

O Guerreiro sorri - porque não existe nada que o assuste, e nada que o prenda. Com a segurança de quem sabe o que quer, abre a porta.»

Paulo Coelho
Gostava de ser uma Guerreira da Luz...
Bárbara de Sotto e Freire

Estou que não me entendo...

Não queiras saber de mim
Esta noite não estou cá
Quando a tristeza bate
Pior do que eu não há
Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim
Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo
(...)
Hoje não me recomendo

Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim

Rui Veloso / Carlos Tê

Bárbara de Sotto e Freire