terça-feira, 28 de abril de 2020

O medo que sentimos

O medo deixa-nos inseguros mas simultaneamente serve para nos pôr em alerta.
Simboliza uma reacção da raça humana perante uma situação adversa. Contudo, quando sentimos medo, devemos parar, ter um pensamento positivo, para termos a reacção o mais adequada possível.
Que medos temos? De perder a nossa família e os nossos entes mais queridos, da incerteza do dia de amanhã, do flagelo do COVID-19, da quebra que a nossa economia está a sofrer, da fome e da sede, e, mais pessoalmente, das nossas doenças, que por vezes não são fáceis de tratar. É um medo constante, profundo e que dói até à alma.
Contudo o medo tem outra faceta: a fé. E é a fé que nos faz caminhar sobre este fio, tão frágil e tão forte, e nos faz levantar a cada manhã e superar o medo que sentimos.

Unidade de São João de Deus

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Let it be

When I find myself in times of trouble
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be.
And in my hour of darkness
She is standing right in front of me
Speaking words of wisdom, let it be.
Let it be, let it be.
Whisper words of wisdom, let it be.
And when the broken hearted people
Living in the world agree,
There will be an answer, let it be.
For though they may be parted there is
Still a chance that they will see
There will be an answer, let it be
Let it be, let it be. Yeah
There will be an answer, let it be.
And when the night is cloudy,
There is still a light that

The Silver Beetles

E estou assim

Sinto uma saudade e uma tristeza tão profundas que me fazem doer até ao âmago da alma.

Saudades de quem tenho lá em casa, e a quem eu não tenho outra forma de comunicar a não ser por telefone. Saudades do beijo e do abraço apertadinho. Saudades do carinho e do mino. Saudades do toque. Saudades da conversa jogada fora. Saudades de apertar as mãos nas minhas e dizer "amo-te".

Tristeza por estar confinada a um isolamento forçado devido ao COVID-19, e por me sentir sozinha no meio da multidão. Aqui tenho conhecidos, não tenho amigos. Faz falta ter as minhas coisas, o meu espaço, sentir-me confortável com o meu eu. Estou mais vulnerável aos meus medos, às minhas ruminações, à minha solidão inerente, ao meu pensamento enviesado...

E os dias passam e a tristeza e a saudade vão aumentando, como uma avalanche de neve...
Tenho saudades vossas...
Amo-vos por inteiro. Meu amor, amo-te imenso...

Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 25 de abril de 2020

Liberdade

Grândola, Vila Morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, Vila Morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, Vila Morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, Vila Morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola, a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

Grândola Vila Morena
Zeca Afonso

domingo, 19 de abril de 2020

Compaixão

Compaixão é a compreensão do estado emocional de nós mesmos ou de outra pessoa. Compaixão é estar sensível ao sofrimento, isto é, conseguir reconhecer o sofrimento quando ele surge, quer em nós, quer nos outros. Implica também avaliar o que é que eu, ou o outro, precisamos nesse momento; e requer ter motivação para ajudar a aliviar o sofrimento. 
Compaixão não é ter pena, resignação, não é ser simpático, pensar positivo, não é luta, fuga ou evitamento.

Na compaixão estão envolvidos algumas ideias fundamentais tais como: Motivação (estar motivado para desenvolver a compaixão); Estar sensível (isto é, temos de notar as emoções e os pensamentos); Sentir (como se fossemos um espelho que percebe quer o bem estar quer o sofrimento dos outros); Tolerância face às emoções (saber tolerar todas as emoções mesmo as mais desagradáveis); Empatia (colocar-se no lugar do outro, e desta forma compreender e pensar acerca das nossas emoções); Não julgar (só podemos fazer isto tudo se não julgarmos nem criticarmos as nossas próprias emoções e pensamentos e os dos outros).

Por vezes pode ser difícil criar frases ou palavras de compaixão para dizermos a nós próprios. O que nos pode ajudar é imaginarmos o que diríamos a um amigo ou familiar, de quem gostamos muito, se este estivesse a viver a mesma situação.
O que lhe diríamos?Como falaríamos com ele? O que iríamos achar que ele precisaria neste momento? Depois de pensarmos nestas questões, é apenas necessário transferirmos essas palavras e intenções para nós próprios.
A compaixão é uma forma útil de nos motivarmos a fazer o que é importante para nós.
Todos os seres humanos sofrem e, por isso, todos os seres humanos - incluindo nós próprios - merecem compaixão. É importante lembrar-mo-nos de sermos amáveis, carinhosos e encorajadores connosco mesmos.

Bárbara de Sotto e Freire



 

Mensagem

"Todos somos frágeis.
Todos somos iguais
Todos somos preciosos."

Papa Francisco

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Planos

Quando sair do internamento quero comer uma pizza com cobertura extra de queijo. Quero dormir bem agarradinha ao meu marido. Quero ir ao shopping comprar uma carteira, comprar um novo livro de mandalas e uma nova caixa de lápis de cor.
Quero ir à natação e fazer umas boas caminhadas junto ao mar. Quero desfrutar do ar livre e da liberdade.
De manhã quero tomar um pequeno almoço de princesa.
Quero ir a casa da minha mãe, tomar um chá e conversar com ela até anoitecer.
Quero tratar mais de mim enquanto pessoa, enquanto mulher, enquanto esposa.
Quero estar estável e poder ir trabalhar.
Quero VIVER.

Bárbara de Sotto e Freire

quinta-feira, 16 de abril de 2020

A direcção a seguir

"Mas que sentido é esse?"
Alguns afastam de imediato essa pergunta: é uma pergunta que incomoda, tira o sono, e para a qual não existe uma resposta ao seu alcance.
E quando a Indesejada das Gentes chegar, dirão:"A minha vida foi curta, desperdicei a minha benção".
Outros aceitam a pergunta.
Essa pergunta não tem resposta.
Em vez de perder tempo na armadilha, estes resolvem agir e dedicam a sua vida a isso. Porque no Entusiasmo está o Fogo Sagrado.
Usam a intuição quando é fácil conectar-se com ela e usam a disciplina quando a intuição não se manifesta.
Parecem loucos. Mas não estão loucos.
Descobriram o verdadeiro Amor e o poder da Vontade.
E só o Amor e a Vontade revelam o objetivo e o rumo que devem seguir.
Nos momentos de dúvida, nos momentos de tristeza, nunca se esquecem: "Sou um instrumento. Permite-me ser um instrumento capaz de manifestar a Tua Vontade". Escolhem o caminho, e talvez só compreendam o objetivo quando estiverem diante da Indesejada das Gentes. O seu caminho é belo e o seu fardo é suave.
Só aquele que aceita com humildade e coragem o impenetrável plano de Deus sabe que está no caminho certo.

Paulo Coelho
in Manuscrito encontrado em Accra

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Estou triste...

Estes últimos dias têm sido difíceis de passar. Tenho-me sentido muito triste e angustiada, chorosa e só.
Estou fechada na unidade sem poder ir ao jardim, e isso tem sido um factor desencadeante de parte desta tristeza.
Outra parte deve-se à minha própria doença... choro imenso, nada me acalma, e o universo parece conspirar contra mim. Os momentos altos do dia são as chamadas da minha mãe e do meu namorado.
Fumo imenso. Não consigo comer. Sinto-me cansada.
Estou sozinha no meio da multidão. Vá lá que ainda tenho duas ou três pessoas com as quais me dou bastante bem, e sempre nos vamos amparando umas às outras. Contudo isso não me impede de sentir só.
Espero bem que esta onda passe rápido, e que o coronavirus se vá embora bem depressa, pois já chega de constrangimentos causados por uma coisinha tão pequena que nem uma célula é...
Este é o meu desabafo de hoje, perdoem-me os leitores.

Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 11 de abril de 2020

Saudade - Parte II

Tenho saudades do teu abraço. Tenho saudades do teu beijo sincero, de dormir de conchinha contigo, de te acordar a meio da noite e pedir para falares comigo porque não tenho sono.
Tenho saudades do teu riso, de seres cabeça no ar, do teu arroz de tomate, da tua facilidade em resolveres os problemas.
Tenho saudades de me aqueceres os pés durante a noite, de tomarmos o pequeno almoço na cama, com a nossa Oli, e de te chatear por deixares as coisas desarrumadas.
Tenho saudades de ti, enquanto pessoa, amigo e marido.

Que nesta Páscoa que vamos passar separados, por força das circunstâncias, tenhamos a força suficiente para unirmos ainda mais as nossas almas com o calor do nosso amor.
Amo-te!

Bárbara de Sotto e Freire

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Solidão

Solidão é sentir-mo-nos sós no meio da multidão, ou então, estarmos completamente isolados do resto do mundo, imersos em nossas casas, como o isolamento social imposto pelo estado de emergência pelo COVID-19.
Lidar com a solidão é muito difícil. Ela gera a vontade de nos reinventarmos, de arranjarmos coisas novas para fazermos, de lermos o tal livro que estava na mesinha de cabeceira há meses para ler, de fazer uns petiscos diferentes, de mudar a decoração da casa, de fazer uma limpeza mais profunda, mas chega a um ponto em que tudo isto está feito e resta-nos a solidão intrínseca ao ser humano, a solidão de nós connosco mesmos. E se não formos fortes o suficiente é fácil sermos arrastados para uma depressão.
Por isso antes que a solidão nos leve para outros caminhos, tenhamos nós o poder sobre ela. Mantenhamos a nossa mente ocupada, façamos algum exercício físico (bastam 15 minutos por dia e pode ser dentro de casa com uns meros alongamentos), e tenhamos o foco voltado para o lado positivo da vida. O COVID-19 não vai durar para sempre, e não tarda regressaremos às nossas vidas normais.

Bárbara de Sotto e Freire

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Páscoa

A Páscoa simboliza a ressurreição de Jesus. E com Ele, a nossa ressurreição para uma vida nova. É o nosso renascer para uma vida na qual podemos estabelecer novas metas e novos rumos. Sermos congruentes connosco próprios, estendermos a mão ao próximo, não ignorarmos o sofrimento alheio, ajudarmos sem que nos peçam, vivermos activamente na sociedade, libertar-mo-nos do nosso ego, sermos melhores a cada dia que passa. Isso sim é Páscoa.
Este ano devido às restrições impostas pelo estado de emergência devido ao COVID-19 vamos passar a Páscoa sem as nossas famílias, e não há celebrações pascais. Vejamos esta Páscoa como uma provação para a nossa capacidade de sermos fortes e resilientes. Se é para o bem da nossa saúde que assim seja.
Que nesta Páscoa, tão diferente das outras de anos anteriores, onde estávamos reunidos à volta da mesa com a nossa família, comecemos por reforçar o nosso espírito com a família transitória que a CSBJ representa. E ponhamos em prática todas as nossas boas intenções para que Cristo renasça em nós.

Bárbara de Sotto e Freire

sábado, 4 de abril de 2020

Pessoas sem retaguarda familiar

Estou, como já disse num post anterior, internada na CSBJ.
Aqui a maioria das pessoas apresenta retaguarda familiar, mas também há aqueles que estão aqui por sua conta e risco.Estão completamente sozinhos. Não têm um telefonema ou uma visita. Dependem da segurança social e da CSBJ para terem roupa, produtos de higiene, e um pouco de calor humano.
Às vezes pergunto-me quão resistentes são essas pessoas. Não basta já um problema de saúde? Ainda têm de ter por cima a solidão completa? Viver por sua conta e risco?
São pessoas que se isolam e que não falam muito. Não falam do seu passado, nem do que as trouxe para cá. Não dizem o que lhes faz falta.
E nós, aqueles que temos retaguarda familiar, somos bem capazes de nos queixar e de pedinchar e de ficar amuados se não temos aquilo que queremos.
Essas pessoas são guerreiras, são resistentes, e se a vida lhes dá luta, elas respondem lutando.
Um bem haja há CSBJ por acolher estas pessoas e por tratar delas de igual para igual. E também por lutar pelos seus direitos junto das entidades adequadas.
Para essas pessoas um forte abraço, porque o calor humano é sempre bem vindo.

Bárbara de Sotto e Freire 

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Saudade - Parte I

Saudade é uma palavra que não tem tradução para mais nenhum idioma. Saudade é o que sentimos quando não vemos alguém que amamos, é o que imaginamos que vamos fazer com a pessoa que amamos depois de um longo tempo de ausência. Saudade é sentir o cheiro da pessoa que amamos mesmo que ela não esteja. Saudade é adormecer a pensar no nosso amado.
Saudade é pensar hora a hora, minuto a minuto, na pessoa que amamos e o que estaríamos a fazer com ela se ela estivesse presente.
Saudade é recordar os bons momentos que passamos juntos.
Saudade é sentir que encontramos a nossa alma gémea e que não a queremos perder.
Mas saudade também é frustração por estar longe. É tristeza porque um telefonema não chega. É vazio porque um abraço faz muita falta.
Saudade é uma maratona, uma prova de esforço. É por-nos com os olhinhos a brilhar sempre que pensamos ou falamos do nosso amor.

Meu amor, tenho muitas saudades tuas.
Amo-te muito.

Bárbara de Sotto e Freire