quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Viver no fio da navalha

Vivo no fio da navalha, com um turbilhão de ideias racionadas com emoção. Os dias passam, como os meses e os anos. Não sei se sonho. Não sei se amo. Não sei se gosto. De facto a vida ensinou-me a nunca dizer "amo-te" ou "prometo". E é este turbilhão de ideias que me massacra, os dias e as noites. Tira-me o sono, e tira-me vida.
Há dias que são dificeis. Não, não é por causa das hormonas! (Realmente nunca percebi as hormonas e as mulheres). Custa a levantar. Custa a sorrir, ou a colar o sorriso, quando aquilo que queremos é chorar compulsivamente, deitar as culpas à vida, pelos sonhos que riscámos, pelos ideais por que nos debatemos outrora.
As rugas e as brancas começam a aparecer. E afinal não é como elas, as mães, dizem: até é bonito. Não, não é nada bonito encontrarmos o nosso primeiro cabelo branco, nem é nada atraente termos uma ruga colada no nosso rosto, que pensáramos eternamente jovial. Toda a gente olhará para aquela maldita branca, para aquela malfadada ruga. Não há creme que apague o peso da vida.
A sociedade cria-nos para sermos felizes?
Não o sou. Hoje, decididamente não o sou. Hoje sinto-me velha, cansada, mal-disposta, enraivecida, nostálgica. É como se não conhecesse a pessoa que vejo no meu álbum de fotografias há uns anos atrás.
Estou cansada. Se tenho ideais? Talvez. Medos? Muitos. Quanto mais os anos passam por mim, mais o fantasma de errar o caminho e as decisões me atropelam.
Se tenho sonhos? Penso que sim. Mas não sei se os vou concretizar, porque viver é um arte difícil. E eu vivo no fio da navalha.
Bárbara de Sotto e Freire

1 comentário:

Anónimo disse...

Viver! Acto complicado, esse...Mas alguma vez alguém te fez acreditar que era fácil?! Não, esse sonho -dos muitos ou poucos que possas ter - não se pode ter! Mas, não sendo fácil, também não é impossível. Vai tentando, vai amuando, vai chorando...e aí verás que também conseguiste, que tiveste um grande dia e que sorriste abertamente. Porque assim é a vida: de momentos e não de eternidade.Carla Esteves (ainda te lembras?!)