quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ás vezes

Ás vezes choramos sem razão. Ás vezes choramos com uma dor de alma profunda, como se a nossa alma só conhecesse um lado.
Ás vezes os dias correm mal.
Ás vezes sentimo-nos perdidos, sozinhos, nostálgicos.
Não suportamos ver ninguém, muito menos a nossa imagem no espelho.
Ás vezes não nos apercebemos do quanto as pessoas nos ferem, nos magoam, nos decepcionam. Quando muito, não nos damos conta, do quanto nos podemos decepcionar a nós mesmos.
Ás vezes os dias passam rápido.
Ás vezes não tomamos as decisões certas, no tempo devido.
Não amamos na mesma medida.
Ás vezes amamos tanto, que ficamos vazios.
Ás vezes sentimos que a nossa vida é feita apenas de despedidas, sem ter sido possível, alguma vez, gravar nos olhos da alma, os olhos de quem vai.
Ás vezes não gozamos o momento, não sorrimos genuinamente.
Ás vezes queremos mimo.
Ás vezes nem a carapaça da indiferença nos permite resistir aos mais afiados aguilhões.
Ás vezes é mais fácil enfiar a cabeça na areia, porque temos medo do desconhecido, temos medo de falhar. Falhar com os nossos sonhos e promessas de outrora. Ás vezes somos a nossa própria desilusão.
Ás vezes tornámo-nos os melhores. Ou os piores.
Ás vezes achamos que a vida só nos coloca obstáculos.
Ás vezes não somos suficientemente inocentes para acreditar na vida, e somos levianamente perspicazes levados a acreditar que alguém, um dia, nos poderá entender.
Bárbara de Sotto e Freire

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