sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O futuro não é aliado

«Partira confuso mas regressara lúcido. Muito do que antes era obscuro tornara-se agora evidente. Mal deixara aquela baía junto ao lago, o desejo de voltar para casa possuíra-o. Compreendia a justeza da decisão de Tinder, e de Baboo. Henry era um homem taciturno, cheio de dúvidas e preocupações, mas era também leal. (...) Muito do que acontecia no mundo era obra do acaso. (...) A vida era um enxame de acidentes à espera entre a copa de uma árvore, pronto a descer sobre qualquer criatura que passasse, para a comer viva. Nadávamos num rio de acasos e coincidências. Agarrávamos os acidentes mais felizes - deixando que a corrente levasse os outros. Encontrávamos um homem bom, com quem um cão ficaria em segurança. Olhávamos em redor e descobríamos a coisa mais invulgar do mundo sentada ao lado, olhando para nós. Algumas coisas eram certas - as que já tinham acontecido - , mas ninguém adivinhava o futuro. (...) Mas para todos os outros, o futuro não era aliado. cada pessoa tinha apenas a sua vida como moeda de troca. (...) De uma maneira ou de outra, havia de gastar a sua vida.»
A história de Edgar Sawtelle
David Wroblewski
Bárbara de Sotto e Freire

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