sábado, 13 de dezembro de 2014

Solidão

Vagueio

por entre o Vazio que me preenche

pela solidão de que me sou

e sinto


Vagueio

por entre o olhar indolente

dos confrontos injustos

da solidão de mim comigo

do SER de que sou Vazio

do Vazio que me enche

Envolvendo

Esquecendo

                   Levando consigo


Só o (meu) Vazio



Vagueio

solitariamente por este beco

por este mundo sem céu

sem teto

preenchido do Nada

que é a solidão

E o não

da mão que não se dá

do abraço que não se sente

do amor que não se entende

do olhar

que Nada compreende

o SER errante que sou


que ninguém tende a ser

o SER Vazio



Vagueio

Sentida a brisa leve soltada pelo vento

que sem rumo ou destino amacia

que me guia o alento

que como fado acaricia a alma

de quem segue solitária

pelo Vazio


Vagueio

E atiro-me desta falésia dourada

Por este precipício

Drogada

E pertenço ao Infinito

ao Infinito do Nada


Mas espreita a aurora

e os raios quentes do sol despertam-me

da droga maravilhosa

que é estar

Livre do Nada

Cheia de Infinito

Saciada de ilusão

que não acaba


Do sonho

Do prazer de SER Vazio

De estar no Infinito


Abandono-me

(e) então vagueio

perseguida pelo Vazio

usada pela solidão


e no silêncio do Nada

vou ousando

ser Drogada

e atiro-me

para sempre


da falésia

para o Infinito

do (SER) Nada

 

Bárbara de Sotto e Freire

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